No aniversário de 30 anos do tetracampeonato mundial do Brasil em 1994, nos Estados Unidos, o personagem mais lembrado da derrota da Itália é Roberto Baggio, mas outro atleta da Azzurra que também isolou sua cobrança de pênalti na final mantém viva até hoje a memória do equívoco.
Lenda do Milan, Franco Baresi foi quem abriu a série de arremates em Pasadena, mas a bola chutada pelo ex-jogador rossonero passou por cima do gol de Cláudio Taffarel.
No entanto, o erro do ex-zagueiro foi sucedido pela defesa de Gianluca Pagliuca no pênalti de Márcio Santos.
Mesmo que tenha errado a cobrança, Baresi não teve a carreira marcada pelo equívoco, ao contrário do ex-colega de seleção, tanto que Baggio é conhecido por ser o “homem que morreu de pé”, em razão de sua reação após ter isolado a última penalidade.
O “Codino Divino”, vencedor da Bola de Ouro de 1993, comentou anos mais tarde da decisão contra a seleção brasileira que, “até hoje, não durmo bem por causa daquele erro”.
“Havia muita emoção, tensão, tantas sensações juntas, e eu, infelizmente, errei aquele pênalti. Até hoje, eu me pergunto o que eu fiz para ter conseguido chutar a bola tão alto”, recordou o capitão da Itália na decisão do Mundial de 1994 em entrevista ao GE.
Baresi, que entrou em campo diante do Brasil pouco mais de 20 dias depois de uma cirurgia no joelho após a segunda rodada da fase de grupos, contra a Noruega, analisou que pênalti “é o momento” e tudo pode mudar durante a caminhada até a marca da cal.
“Eu não tinha certeza se estava totalmente recuperado, era um jogo que esperava há muitos anos e não podia faltar e eu era o capitão, sentia que aquele time era meu. Você pode treinar o quanto quiser, mas quando você coloca a bola na marca, o gol diminui e o goleiro é sempre um gigante. Você pensa em bater em um canto, mas depois muda de ideia e foi isso o que aconteceu comigo”, acrescentou.
O plano inicial de Baresi era chutar à esquerda do então goleiro da Reggiana, mas mudou de estratégia ao longo da corrida e o “movimento do corpo fez com que o chute acabasse saindo muito alto”. No entanto, o ex-defensor recordou que muitos grandes especialistas em bolas paradas já desperdiçaram cobranças ao longo da história do futebol.
Apesar de Baggio ter sido rotulado como o principal vilão da derrota da Azzurra, Baresi afirmou que a seleção não teria chegado até a final sem o talento do camisa número 10.
“Ficamos um pouco frustrados pelo fato de Baggio ter chegado na decisão com um problema físico e sem estar 100%. Caso estivesse em suas condições ideais, talvez teríamos mais chances de vencer”, concluiu.