stou soando um alarme ao mundo sobre a escalada da repressão de Maduro contra aqueles que trabalham na campanha eleitoral ou nos ajudam em qualquer parte do país: ele fez da violência e da repressão a sua campanha eleitoral”.
A acusação da líder da oposição, Maria Corina Machado, é contundente.
Na última etapa das eleições presidenciais de 28 de julho, que opõem o candidato das oposições unidas na Plataforma Democrática Unida (PUD), Edmundo González, e o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a mão das autoridades de Caracas se tornou mais pesada.
Não passa um dia sem que os meios de comunicação públicos (onde a pluralidade é uma quimera) falem de conspirações e de “traidores que merecem ir para a prisão”.
A última suposta conspiração da oposição foi denunciada por um grupo que se diz membro dos paramilitares colombianos das Autodefensas Conquistadoras de la Sierra Nevada. A acusação foi documentada em um vídeo, depois apresentado a um grupo de embaixadores convocados pelo ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, para alertar sobre as maquinações de opositores políticos para “desestabilizar o país”.
Contudo, não passa um dia sem notícias de novas “prisões arbitrárias” nas redes sociais, nos portais de informação independentes e nos sites das ONGs de defesa dos direitos humanos. A mais recente é a do responsável pela segurança de Machado, Milciades Avila.
Segundo a denúncia do Vente Venezuela (movimento político fundado pelo líder), o homem foi levado de madrugada pelas autoridades, em um ato de “violação de todos os procedimentos legais”.
Machado explicou que o homem foi preso “sob a acusação de violência de gênero contra algumas mulheres que tentaram” agredir ela e Gonzalez no último sábado, por ocasião de um evento de campanha eleitoral.
“Há dezenas de testemunhas e vídeos que comprovam que foi uma provocação. Planejaram para que nos deixassem sem proteção 11 dias” antes das eleições, alertou a política.
Por outro lado, o número de detenções é constantemente atualizado para cima, e a isso se soma o crescente número de restaurantes forçados a fechar suas portas após servirem refeições aos líderes da oposição, tanto que Gonzalez começou a levar o café da manhã com ele para evitar parar em lanchonetes, o que poderia causar retaliações aos estabelecimentos.
Só no último fim de semana, pelo menos nove apoiadores acabaram algemados. Não foram apenas os gestores de campanha que acabaram atrás das grades, mas também o motorista de um caminhão que ajudou Machado e Gonzalez em um palco eleitoral e até um jovem cantor culpado por compor uma música em homenagem ao líder.
“Vamos monitorar a situação, porque a Venezuela não está sozinha. Hoje a Venezuela está sob os olhos do mundo e documentaremos a repressão de um regime que tem medo de perder as eleições”, afirmou a advogada do PUD, Tamara Suju.