O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, morto na segunda-feira (12) aos 86 anos de idade, reclamou em sua última carta de um suposto “ódio ideológico” da magistratura.
Envolvido em diversos processos judiciais ao longo de sua trajetória, o líder conservador foi condenado em 2013 a um ano de serviços sociais por fraude fiscal, sentença que o deixou inelegível até 2018, mas também acabou absolvido em julgamentos por prostituição de menores e corrupção de testemunhas.
“Nos últimos 20 anos da história italiana, assistimos a muitos casos judiciais carregados de ódio ideológico e a uma forma de luta política que utilizou as procuradorias jacobinas da magistratura para deslegitimar adversários políticos”, disse Berlusconi em uma carta mandada em 3 de junho a Giovanni Paolo Bernini, ex-parlamentar de seu partido, o Força Itália (FI).
A correspondência foi enviada por ocasião do lançamento de um livro no qual Bernini relata sua absolvição em um processo na Itália. “Soube da família [de Berlusconi] que foi a última carta escrita e enviada por ele e a considero um testamento político importante sobre a Justiça”, contou o ex-parlamentar.
Na carta, Berlusconi ainda afirmou que os destinos de muitos governos locais e nacionais foram “abatidos com a arma judiciária para distrair a atenção das reais necessidades dos cidadãos”.