Agricultores e representantes dos sindicatos agrícolas em Bruxelas realizam, nesta quarta-feira (13), um protesto contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul.
Liderada pela Federação Belga de Grupos de Criadores e Agricultores (Fugea), a manifestação ocorre sob os gritos de “Parem o acordo com o Mercosul” e “Preços certos agora”.
Mais de 100 agricultores se reuniram na rotatória de Schuman, no coração do bairro europeu onde se encontram as instituições, para pedir à Comissão Europeia que não ratifique o acordo com o bloco sul-americano, tendo em vista a preocupação com a chegada ao mercado europeu de produtos de baixo custo, como a carne, que não respeitam as mesmas normas ambientais e proteções sociais da UE.
Segundo rumores, a Comissão Europeia pretende finalizar o acordo UE-Mercosul na cúpula do G20, que será realizado no Brasil na próxima semana, nos dias 18 e 19 de novembro.
Alguns representantes dos grupos políticos na Câmara Europeia – “A Esquerda” e os liberais do “Renew Europe” – também participam da manifestação para mostrar solidariedade com as preocupações dos agricultores.
“Estou aqui para apoiar os agricultores na sua batalha contra o acordo”, explica Manon Aubry, líder do grupo “A Esquerda”, à ANSA, qualificando-o de “o pior acordo comercial assinado” por Bruxelas, que “terá consequências dramáticas na saúde e no clima”.
Aubry, como vice-presidente da comissão de comércio internacional da Câmara Europeia, também acusou o Executivo da UE de querer finalizar o acordo secretamente, “a portas fechadas”. “Não tivemos acesso aos documentos das negociações” em curso com o bloco comercial, acusou.
As negociações do acordo chegaram a ser finalizadas em 2019, mas foram reabertas no início do ano passado, após o Mercosul, especialmente o Brasil, rechaçar novas exigências ambientais por parte de Bruxelas.
O acordo, porém, enfrenta resistência no bloco europeu, sobretudo em setores agrícolas, que temem a concorrência de produtos mais competitivos da América do Sul.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou as “contradições internas” na Europa pelos entraves nas negociações, que podem ganhar novo impulso durante a cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro.