Um novo ataque russo na última madrugada à cidade portuária de Odessa, na Ucrânia, deixou dois civis feridos e atingiu um terminal de grãos de uma empresa agrícola, destruindo 120 toneladas de cereais, incluindo 100 quilos de ervilha e 20 de cevada.
Segundo o governador da região, Oleg Kiper, esse foi o quarto ataque ao local em uma semana – na madrugada de quarta para quinta-feira, os bombardeios a Odessa e Mykolaiv mataram três pessoas e feriram 20.
“De madrugada, os russos dispararam mísseis de cruzeiro Kalibr de um porta-aviões no Mar Negro”, relatou, através do Telegram.
As forças de defesa aérea ucranianas também informaram sobre lançamentos de mísseis supersônicos Onix em direção à mesma cidade.
Autoridades pediram que moradores de Odessa fiquem em lugares seguros até o fim do alarme antiaéreo, e solicitaram que não filmem os trabalhos de defesa aérea “para não ajudar o inimigo”.
Já a Rússia declarou que realizou exercícios militares e destruiu “um barco-alvo na área de treinamento de combate no noroeste do Mar Negro”.
Analistas do think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) avaliam que Moscou está tentando criar “um senso de urgência” para que o Ocidente faça concessões que levem a Rússia a retomar o acordo de grãos com a Ucrânia.
O pacto para a exportação marítima de cereais ucranianos, considerado essencial para equilibrar os preços globais e combater a fome no mundo, foi suspenso pela Rússia no último dia 17, com base em acusações de descumprimento da parte do acordo que beneficiaria as exportações russas.
O ISW lembrou que a Ucrânia colhe a maior parte de seus grãos entre julho e agosto e que os ataques ao porto de Odessa e infraestruturas agrícolas podem complicar ainda mais a capacidade de Kiev de administrar os cereais já colhidos.
“As interrupções prolongadas da logística do grão causarão efeitos em cascata cada vez maiores sobre o fornecimento. A Rússia intensifica os ataques e ameaça atingir embarcações civis no Mar Negro”, diz a análise.
Também nesta sexta-feira (21), a Casa Branca confirmou que a Ucrânia passou a usar munições de fragmentação entregues pelos Estados Unidos, “impactando as formações russas”.
Segundo o coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, a aplicação dos projéteis cluster vai dar impulso à contraofensiva.