Pela primeira vez, o papa Francisco discursou nesta sexta-feira (14) em uma cúpula de líderes do G7 e fez um apelo para que o uso da Inteligência Artificial (IA) seja combinado com a ética, além de alertar o Ocidente.
Pela primeira vez, o papa Francisco discursou nesta sexta-feira (14) em uma cúpula de líderes do G7 e fez um apelo para que o uso da Inteligência Artificial (IA) seja combinado com a ética, além de alertar o Ocidente.
"Só se for garantida a sua vocação ao serviço da humanidade é que as ferramentas tecnológicas revelarão não só a grandeza e a dignidade única do ser humano, mas também o mandato que este recebeu para cultivar e proteger o planeta e todos os seus habitantes", alertou o Pontífice em seu pronunciamento em Borgo Egnazia, na região da Puglia.
De acordo com o religioso, "falar de tecnologia é falar do que significa ser humano e, portanto, da nossa condição única entre liberdade e responsabilidade, ou seja, significa falar de ética".
Além disso, o líder da Igreja Católica alertou que "parece que se perde o valor e o significado profundo de uma das categorias fundamentais do Ocidente: a categoria da pessoa humana".
"Nesta era em que os programas de Inteligência Artificial questionam o ser humano e as suas ações, a própria fragilidade do 'ethos' ligado à percepção do valor e da dignidade da pessoa humana corre o risco de ser a maior vulnerabilidade na implementação e desenvolvimento destes sistemas", advertiu.
Segundo o argentino, "não devemos esquecer que nenhuma inovação é neutra e, no seu impacto na sociedade humana, representa sempre uma forma de ordem nas relações sociais e uma posição de poder, que permite a alguém realizar ações e impede que outros o façam".
Para ele, as ferramentas tecnológicas, assim como a Inteligência Artificial, devem ser sempre ordenadas para o bem de cada ser humano" e "devem ter uma inspiração ética".
Perante aos líderes mundiais, Francisco ressaltou ainda a importância de uma "política sã" para "olhar para o nosso futuro com esperança e confiança".
A mensagem destacou que a sociedade mundial tem graves deficiências estruturais que não podem ser resolvidas apenas com remendos ocasionais ou soluções rápidas. Desta forma, é preciso "chegar à raiz", porque "há coisas que devem ser mudadas com reinicializações fundamentais e transformações importantes".
Para Jorge Bergoglio, "só uma política saudável poderia assumir a liderança, envolvendo os mais diversos setores e os mais variados conhecimentos".
Guerras - Em seu discurso, o Santo Padre também recordou que em um drama como o dos conflitos armados é urgente repensar o desenvolvimento e a utilização de dispositivos como as chamadas "armas letais autônomas" para proibir a sua utilização, começando já com um compromisso ativo e concreto para introduzir um controle humano cada vez maior e significativo.
"Nenhuma máquina deveria jamais escolher se quer tirar a vida de um ser humano", afirma o Papa, defendendo que "é o homem quem deve sempre decidir, não as máquinas".
Por fim, o religioso explica que diante dos prodígios das máquinas, que parecem saber escolher de forma independente, é preciso ter claro que a decisão deve ficar sempre ao ser humano, mesmo com os tons dramáticos e urgentes com que isso por vezes aparece nas nossas vidas, para não condenar a humanidade a um futuro sem esperança.
"Se retirássemos das pessoas a capacidade de decidir sobre si mesmas e sobre as suas vidas, elas seriam condenadas a depender das escolhas das máquinas", concluiu.