O Exército de Israel voltou a atacar a Faixa de Gaza na manhã deste domingo (15), no nono dia da guerra contra o grupo fundamentalista islâmico Hamas, e já prepara uma entrada por terra na região com dezenas de tanques posicionados no sul do país.
Enquanto isso, centenas de milhares de palestinos já se deslocaram para o sul de Gaza, por ordem de Israel, que anunciou a abertura de um novo corredor humanitário entre 10h e 13h (horário local).
O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, afirmou em entrevista coletiva que “o Hamas usa medidas enérgicas para prevenir ativamente esses movimentos” em direção ao sul dos palestinos. “Apelamos à população: para sua segurança, movam-se para sul, para além do rio Wadi Gaza”, acrescentou.
Segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, tenente-coronel Jonathan Conricus, citado pela CNN, o governo israelense só lançará “operações militares significativas” quando os civis deixarem Gaza.
No entanto, o exército do premiê Benjamin Netanyahu proibiu a entrada de todos os civis até quatro quilômetros da fronteira com o Líbano. A decisão é explicada pelo aumento dos ataques vindos do outro lado da fronteira. Ao mesmo tempo, as tropas israelenses ordenaram aos residentes das zonas fronteiriças em um raio de 4 quilômetros que permaneçam perto dos abrigos.
Hoje cedo, militares de Israel começaram a limpar a cidade de Sderot, localizada perto da Faixa de Gaza, que foi palco de brutalidade por parte do Hamas e foi repetidamente atingida por disparos de foguetes.
A cidade tem 30 mil habitantes que terão direito a ficar em pousadas administradas pelo Estado em locais mais seguros de Israel. Segundo a imprensa local, a evacuação não é obrigatória e quem considerar adequado pode permanecer em suas casas.
Em meio ao conflito, as tropas israelenses informaram ter matado um dos responsáveis pelo massacre ocorrido no último dia 7 de outubro no kibutz Nirim. Trata-se de Billal al-Kedra, comandante da unidade de elite do Hamas, conhecida como “Nukhba”.
“Neste ataque, conduzido por aviões de combate, outros terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica foram mortos”, revelou o exército.
Até o momento, os bombardeios de Israel contra Gaza já provocaram a morte de 2.384 pessoas e deixaram 10.250 feridos, conforme dados do Ministério da Saúde local.
Nesta manhã, Netanyahu chegou a anunciar a ampliação de seu gabinete de guerra e enfatizou que seu país se prepara para “demolir o Hamas” em Gaza.
No último sábado (14), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que todos assistem “ao pior massacre de judeus desde o Holocausto”, além de ver uma crise humanitária em Gaza.
Segundo o democrata, “a maior parte das pessoas que vivem em Gaza são “famílias palestinas inocentes, que não querem nada com o Hamas”.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a evacuação forçada de milhares de doentes do norte de Gaza para o sul do território pode ser “o equivalente a uma sentença de morte” e “condenou veementemente as repetidas ordens de Israel para evacuar 22 hospitais que tratam mais de 2 mil pacientes”.
O grupo de brasileiros que aguarda sinal verde de autoridades locais para conseguir cruzar a fronteira e entrar no Egito permanece em segurança. Algumas pessoas estão em Rafah, cidade fronteiriça entre Gaza e nordeste do Egito, e outras em Khan Younis, segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas.
Para o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, “é vital que a passagem de Rafah seja aberta para permitir que os palestinos saiam de Gaza”. “O Egito demonstra sua liderança no mundo árabe e Israel que a guerra é apenas contra o Hamas”, escreveu o italiano nas redes sociais.
Por sua vez, o enviado especial chinês Zhai Jun visitará o Oriente Médio na próxima semana para pressionar por um cessar-fogo no conflito entre Israel e Hamas e para promover conversações de paz entre as partes. A missão foi revelada pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante coletiva com o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, se reuniu com o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Doha, para discutir os desenvolvimentos na guerra. Os dois concordaram em “continuar a cooperação para alcançar todos os objetivos da resistência e do povo palestino”. Esta é a primeira reunião a este nível após o ataque do grupo fundamentalista em Israel.