A Operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no último dia 11 de julho, mostra que, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o então ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, pediu que três servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fossem investigados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A informação foi publicada pelo UOL neste domingo (21).
Segundo o relatório da PF, houve três tentativas do governo de obter dados pessoais dos servidores. O delegado da Polícia Federal Rodrigo Augusto de Carvalho Costa, que era assessor de Leite, foi responsável por uma das solicitações de informação sobre os agentes do Ibama. Seu contato era Giancarlo Rodrigues, sargento do Exército, apontado na operação Última Milha como integrante da chamada “Abin paralela”.
Costa pediu a Rodrigues, em 28 de março de 2022, que verificasse a “ficha corrida” dos três servidores do Ibama. Segundo o ex-assessor de Joaquim Leite, a solicitação era importante, pois os agentes estariam “dando trabalho à gestão”.
O método não foi explorado apenas por Leite. Em maio de 2020, na gestão de seu antecessor na chefia do Meio Ambiente, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), um servidor do Ibama foi monitorado pela “Abin paralela” através do software FristMile, que cede informações sobre a geolocalização do investigado.
Um mês antes, esse servidor do Ibama foi exonerado após denunciar a ação do garimpo ilegal na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Os outros dois servidores, que participaram de operações similares, foram perseguidos internamente e sofreram sanções administrativas.
O UOL informou que procurou a Abin e o ex-ministro Joaquim Leite, mas não obteve resposta sobre as denúncias que estão no relatório da PF.
Edição: Martina Medina