O polêmico ex-presidente do Peru Alberto Fujimori morreu na noite da última quarta-feira (12), aos 86 anos, em sua residência em San Borja, onde vivia com a filha, Keiko Fujimori, líder do principal partido de direita do país.
A informação foi confirmada em comunicado assinado pelos quatro filhos do político e divulgado nas redes sociais.
“Depois de uma longa batalha contra o câncer, o nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de sair ao encontro do Senhor. Pedimos a quem o apreciou, que nos acompanhe com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Muito obrigada, pai”, diz a nota.
Fujimori sofria de vários problemas de saúde, como câncer de língua, fibrilação atrial, doenças pulmonares e hipertensão. Sua saúde deteriorou-se rapidamente na última semana, após completar o tratamento de radioterapia oral em agosto, relataram seus familiares.
A última aparição pública do ex-mandatário ocorreu na quinta-feira (5) passada, quando ele saía de uma clínica no bairro de Miraflores, onde fez uma tomografia computadorizada.
Após a confirmação do óbito, o governo peruano decretou três dias de luto nacional. O velório dele está marcado para começar às 11h (horário local) desta quinta-feira (12), no Museu da Nação, em Lima.
De acordo com a filha, o enterro será realizado no sábado (14), quando o corpo de Fujimori será levado para o cemitério Campo Fé, em Huachipa, também em Lima.
Presidente de 1990 a 2000, Fujimori governou o Peru com mão de ferro, travando uma campanha militar que derrotou o grupo guerrilheiro maoísta Sendero Luminoso. Figura controversa na política peruana, ele deu autogolpe de Estado durante seu mandato.
Em 2004, o Relatório Global sobre Corrupção, elaborado pela ONG Transparência Internacional, posicionou-o como o sétimo presidente mais corrupto de uma lista com os 10 chefes de Estado com mais acusações.
A entidade internacional estimou que Fujimori roubou aproximadamente US$ 600 milhões durante seu governo.
Em 2009, ele foi enviado para a prisão por massacres cometidos por esquadrões da morte do Exército em 1991 e 1992, nos quais 25 pessoas, incluindo uma criança, foram mortas em supostas operações antiterroristas.
Em 2017, durante a gestão de Pedro Pablo Kuczynski, Fujimori já havia recebido o benefício do indulto, embora tenha retornado à prisão por supostas irregularidades no processo.
O ex-presidente do Peru foi libertado no ano passado por motivos humanitários e perdoado, “mas isso não eliminou a sua responsabilidade criminal ou a própria natureza da sentença”, segundo o Tribunal Constitucional do Peru.
Em 2018, o próprio Fujimori revelou que sofria de câncer de pulmão, além de ter sido diagnosticado com câncer na língua. Já em junho deste ano, o político acabou na UTI com uma fratura no quadril.
A atual presidente do Peru, Dina Boluarte, lamentou a morte de Fujimori e expressou “sua profunda dor”. “Deus, que ele descanse em paz”, afirmou ela em uma publicação nas redes sociais.