O papa Francisco lamentou a “imensa tragédia” na Ucrânia e manifestou o desejo de que sejam encontrados “caminhos de diálogo e reconciliação”, além de enfatizar que “Deus pedirá contas das lágrimas derramadas” na guerra.
As declarações foram dadas pelo Pontífice em uma carta dirigida ao arcebispo e núncio apostólico na Ucrânia, Visvaldas Kulbokas, publicada nesta terça-feira (19) pelo “Vatican News”, por ocasião dos mil dias do conflito deflagrado pela invasão da Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
“Será Deus quem pronunciará a última palavra sobre esta imensa tragédia”, declarou o argentino, apelando a quem tem papéis responsáveis no conflito a buscar “caminhos de diálogo, reconciliação e harmonia”.
No texto, Jorge Bergoglio pede para o “Senhor” consolar todos os corações e fortalecer “a esperança de que, enquanto recolhe todas as lágrimas derramadas e pede contas delas, Ele permanece ao nosso lado mesmo quando os esforços humanos parecem infrutíferos e as ações insuficientes”.
O religioso saúda todos os ucranianos “onde quer que estejam” e diz estar consciente de que “nenhuma palavra humana pode proteger as suas vidas dos bombardeios diários, nem consolar aqueles que choram os seus mortos, nem curar os feridos, nem repatriar crianças, nem libertar prisioneiros, nem mitigar os duros efeitos do inverno, nem restaurar a justiça e a paz”.
Além disso, Francisco escreve a palavra “PAZ” em letras maiúsculas, destacando que ela, “infelizmente, foi esquecida pelo mundo de hoje” e apelou para que voltasse a “ressoar nas famílias, nos lares e nas praças da querida Ucrânia”.
Ele fala ainda da “amada e atormentada Ucrânia” e recorda que a ocasião desta mensagem é “a conclusão dos mil dias de agressão militar em grande escala que os ucranianos estão sofrendo”.
O Papa diz que não se quer limitar a “palavras simples, embora cheias de solidariedade”, mas renova a sua “sincera invocação a Deus, única fonte de vida, de esperança e de sabedoria, para que converta os corações”.
“Sei que todas as manhãs, às nove horas, com um ‘minuto de silêncio nacional’, os ucranianos recordam com dor as numerosas vítimas causadas pelo conflito, crianças e adultos, Uno-me a eles, civis e soldados, bem como aos prisioneiros, que muitas vezes se encontram em condições deploráveis, para que o grito que se eleva ao Céu, de onde vem a ajuda, seja mais alto”, afirmou.
Por fim, termina a sua carta assegurando que Deus “pedirá contas” deste conflito “enquanto recolhe todas as lágrimas espalhadas” e, com a confiança de que Ele pronunciará a última palavra sobre esta enorme tragédia, abençoa “todo o povo ucraniano, a começar pelos bispos e pelos sacerdotes”.