O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou neste domingo (16) em Bruxelas, capital da Bélgica, para participar da 3ª Reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia (UE).
O evento que acontece na próximas segunda-feira (17) e terça (18), será um marco na retomada do encontro que não acontecia desde 2015. A última edição foi realizada na gestão da presidenta Dilma Rousseff (PT).
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“Para esta reunião da Celac com a União Europeia não existe uma grande expectativa de acordo a ser firmado. A importância dela é a reativação prática da Celac, que foi muito reduzida durante a gestão Bolsonaro e nos anos que a direita esteve no poder na Argentina”, afirma Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC e integrante do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB) da UFABC.
“Agora a Celac tem uma reunião oficial com a UE. A Celac passa a ter uma existência política real. É a primeira reunião entre os dois blocos desde 2015, essa é a grande importância”, conclui o professor.
Nesta terceira edição, são esperados representantes de 33 países da América Latina e do Caribe, além dos 27 membros da União Europeia.
Acordo Mercosul-UE
Maringoni comenta que o acordo entre Mercosul e UE não está previsto na pauta do encontro. Mas, na opinião do especialista, a agenda de Lula está programada para avançar neste tema.
“Lula tem uma série de reuniões importantes que podem destravar o acordo. Mas é importante salientar que a bola está com a UE”, comenta.
O acordo teve um avanço significativo em 2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Para o professor, Lula está agindo para reverter as concessões feitas em benefício aos países europeus.
“O acordo entre os dois blocos foi firmado em 2019, capitaneado por [Maurício] Macri e [Jair] Bolsonaro. As concessões feitas foram enormes, e em especial as propostas pelo Brasil. As propostas de [Paulo] Guedes foram tão grandes que até o governo Macri hesitou em fechar”, relembra o professor.
“Elas [concessões] são conhecidas, ou seja, compras governamentais e abertura de licitações para empresas europeias. O que pode provocar, como Lula tem advertido, a devastação de pequenas e médias empresas.”
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Na próxima segunda-feira, o presidente participará da abertura da mesa de negócios União Europeia, América Latina e Caribe com representantes do setor privado, bancos de financiamento e líderes políticos.
Segundo informações prévias do Itamaraty, Lula levará ao evento o posicionamento brasileiro em relação às últimas exigências do bloco europeu para aprovar a assinatura do tratado.
No último 12 de junho, durante visita da presidente da Comissão Europeia ao Brasil – braço direito da UE -, Ursula Van der Leyen, Lula criticou as sanções propostas pelo bloco aos países signatários em caso de descumprimentos de metas ambientais.
“Expus à presidente Van der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento […] a premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, afirmou o presidente.
Entre os temas que devem ser abordados na Cúpula estão a mudança do clima, comércio e desenvolvimento sustentável, inclusão social, recuperação econômica pós-pandemia, transição energética, transformação digital, migrações, reforma da arquitetura financeira internacional, luta contra o crime organizado e cooperação para o desenvolvimento.
Com a viagem para a Bélgica, Lula completa um total de dez viagens realizadas e 14 países visitados considerando, apenas, este seu terceiro mandato à frente da Presidência da República.
Edição: Patrícia de Matos
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