Começa nesta terça-feira (14), em Belém (PA), o Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus. Nesta 4ª edição, o evento homenageia Felipa Maria Aranha, liderança quilombola histórica da região paraense do Baixo Tocantins.
A programação é composta por exibições de filmes, debates, formação audiovisual e apresentações musicais, além do anúncio dos ganhadores do Troféu Zélia Amador de Deus. As atividades, todas gratuitas, serão realizadas no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Palacete Faciola, em Icoaraci e nas ilhas de Caratateua (Outeiro), Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá.
Neste ano, a edição propõe um debate sobre o fortalecimento das políticas afirmativas nos editais do audiovisual e de descentralização do cinema e a capacitação técnica dos profissionais.
Dos R$ 742 milhões liberados entre 2009 e 2019 do Fundo Nacional da Cultura, 51% foram destinados principalmente para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, como explica Lu Peixe, diretora da Cine Diáspora, produtora responsável pela organização do festival.
“Mas, nos últimos anos, as políticas afirmativas e de descentralização adotadas pelo Ministério da Cultura foram cruciais para alavancar os fazedores de cultura da região Norte, especialmente as pessoas negras e indígenas”, diz.
Apesar do incentivo, a diretora ressalta que, no Pará, há iniciativas culturais, como a Fundação Cultural do Pará (FCP), o Curro Velho e a Casa das Artes, que precisam ser fortalecidas, assim como as políticas afirmativas e de descentralização. “Vamos reunir cineastas de sete estados no Festival Zélia Amador de Deus para pensar sobre isso”, afirma.
Programação
A abertura oficial do festival está marcada para o dia 18, na Estação Cultural de Icoaraci, às 18h30, com a exibição do documentário Ginga Reggae, de Nayra Albuquerque (MA), com presença da cineasta. Em seguida, a festa continua no Espaço Cultural Coisas de Negro, com apresentação cultural do grupo Os Falsos do Carimbó (PA) e da DJ Cleide Roots (PA).
A partir do dia 14, a Estação Cultural de Icoaraci recebe as oficinas de fotografia para o cinema, direção de arte e continuidade para o cinema, ministradas pelos profissionais do audiovisual amazônico Lu Peixe (PA), Francisco Ricardo (AM) e Maurício Moraes (PA). As atividades vão até o dia 17. As duas primeiras oficinas já estão com as vagas esgotadas. As inscrições para a oficina de continuidade para o cinema podem ser feitas neste link.
No dia 24, no MIS, o festival promove uma sessão de filmes com recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual. A organização vai disponibilizar uma van para o transporte do público interessado. Entre os filmes exibidos está O Som das Redes, de Assaggi Piá (BA), documentário que aborda a trajetória de Selmi Nascimento, atleta brasileiro de futebol de cegos. A sessão tem parceria com a HandsPlay, plataforma de filmes com acessibilidade.