O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), abriu uma ofensiva contra veículos jornalísticos que produziram matérias negativas a seu respeito. Nesta quarta-feira (12), foram divulgadas ações judicias contra, primeiramente, o ICL Notícias e contra a Agência Pública.
As ações pedem indenizações e a retirada de conteúdo do ar. Em comum, além da tramitação no Judiciário de Brasília, é o fato de que ambos veículos produziram notícias envolvendo as denúncias, incluindo de agressão física, da ex-mulher de Lira, Jullyene Lins.
Os jornalistas e a equipe que compõem o ICL Notícias, veículo de comunicação do Instituto Conhecimento Liberta, afirmam terem sido surpreendidos pelas ações judiciais promovidas pelo presidente da Câmara contra o canal. A direção da Agência afirma ainda que reitera o conteúdo de sua produção e que repudia “a tentativa de intimidação judicial com pedido de censura prévia”.
“A atitude de Arthur Lira contra à atividade jornalística representa uma ameaça frontal à liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição de 1988 e pilar do Estado Democrático de Direito vigente”, diz a nota.
De acordo com William de Lucca, jornalista do veículo, não houve qualquer notificação anterior por parte de Lira. Ainda que não sejam legalmente obrigatórias, é comum que ações deste tipo sejam antecipadas de pedidos extrajudiciais. A Pública afirmou que o deputado “tenta agora censurar o trabalho jornalístico de notável interesse público”.
“Nos pegou de surpresa o pedido do Arthur Lira, fazemos jornalismo independente e profissional. Sempre dando direito ao contraditório, ouvindo todos os lados envolvidos em uma disputa e foi o que a gente fez no caso. A gente deu voz a denúncias da Jullyene Lins, ex-mulher do Lira. A gente mostrou o documento, a versão dela e deixou o espaço aberto para ele, o que ele não fez, ele optou por não fazer”, relata ao Brasil de Fato.
A Justiça não aceitou o pedido liminar de suspensão das matérias em nenhuma das ações. Para de Lucca, de qualquer forma, o pedido de Lira é uma tentativa de sufocamento da liberdade jornalística e de expressão.