Na noite do último sábado (22), a Rua Paulo Firmeza e o Centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza, foram palcos do maior Arraiá da Reforma Agrária do estado. Mística, animação e muitas homenagens marcaram o público que esteve na plateia, aplaudindo de pé esse evento organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Centro de Formação Frei Humberto.
Conhecido como “Arraiá do Frei”, o evento, que já está em sua quarta edição já é considerado uma tradição, e este ano, o MST e o Centro Frei Humberto também contaram com o apoio do Instituto Dragão do Mar.
A programação teve início com a apresentação da banda Forró Tá On e Lorena do Acordeom, diretamente do Assentamento Antônio Conselheiro, em Ocara, em seguida houve apresentação do grupo Brilho Junino, uma quadrilha composta por crianças sem-terrinha do assentamento 25 de Maio, localizado no município de Madalena. A apresentação teve o enredo “Ciranda Cirandinha”, uma homenagem à ciranda infantil, trazendo a luta do MST e a participação das crianças nesse espaço de luta.
O grupo junino Terra Conquistada, do assentamento Nova Canaã de Quixeramobim, apresentou o tema “Nossas lutas nos trouxeram até aqui”, uma homenagem à história do Assentamento e aos 20 anos de lutas e conquistas. O grupo Asas do Sertão, do assentamento Santana, de Monsenhor Tabosa, trouxe o tema da cultura popular, mas também fez uma homenagem aos 10 anos da consolidação do grupo. Já o grupo Força Jovem, vindo diretamente do assentamento Monte Alegre, em Tamboril, trouxe o tema dos 40 anos do MST e uma homenagem à luta do povo palestino.
Elias Alves, jovem, poeta e da coordenação da quadrilha junina Força Jovem, destaca a participação do grupo no Arraiá do Frei. “Essa já é a terceira vez que participamos e é sempre muito gratificante. O ambiente é muito acolhedor. Este ano trouxemos o tema dos 40 anos do MST, que foi muito debatido, discutido e pesquisado durante todo o processo de preparação, que foi cerca de oito meses, realizando estudos e seminários para nossos brincantes, para ter conteúdo sólido a ser apresentado em quadra.”
Sobre o significado do São João, Elias destaca a importância das temáticas para as áreas de reforma agrária. “O São João vai além da dança. É um espaço de protesto, de denúncia, de anúncio, de resgatar processos históricos. Trazer o tema do maior movimento camponês da América Latina é muito importante para nós que somos de assentamentos. É uma oportunidade de levar nossa bandeira, nossa memória e nossa história para o enredo que se apresenta em forma de ritmo, dança, alegria e muito encanto”.
Luz Marim, da direção estadual do MST, do coletivo de cultura, afirma. “O ‘Arraiá do Frei’ é uma culminância de grupos juninos de diversos territórios e regiões do nosso estado. Foi muito emocionante, com muita animação e mística. As apresentações foram lindas e trouxeram a luta do movimento em seus diversos aspectos, seja a luta pela terra, a luta por direitos. Nossas quadrilhas e grupos sempre trazem esse debate entre arte e política de uma maneira muito especial e bonita. É uma experiência muito valiosa vivenciar essa relação tão estreita entre arte e política”.
Eulália Pascoa, integrante do grupo junino Terra Conquistada, relata a sensação de participar pela primeira vez. “A gente se sente muito feliz, mas também muito ansioso, foi a nossa primeira apresentação no ‘Arraiá do Frei’, a sensação é de felicidade e gratidão, esperamos participar em outros edições”.
Festivais de Quadrilha Junina nas Áreas de Reforma Agrária do Ceará
Além do “Arraiá do Frei”, os festivais e arraiais da reforma agrária seguem acontecendo, potencializando a dança, a musicalidade e os enredos como instrumentos de disputa ideológica, demonstrando na prática que o campo é lugar de vida, de produção de alimento, de conhecimento e de cultura.
“Os festivais e arraiais juninos seguem acontecendo nas escolas do campo e nos assentamentos. É importante destacar que esses arraiais e festivais contam com o apoio do governo do estado do Ceará, da Secretaria de Cultura e do apoio de algumas prefeituras municipais, e também dos fomentos da Secretaria de Cultura destinado às categorias das culturas camponesas. Então, esses festivais são construídos por muitas mãos, e temos um processo de massificação nos últimos anos, começamos com um ou dois e hoje temos mais de 15 grandes festivais”, afirma Luz Marin.
Este ano, o MST e o Centro Frei Humberto também contaram com o apoio do Instituto Dragão do Mar. / Foto: Flaviana Alencar
Confira a lista dos festivais e arraias que ainda vão acontecer:
Arraiá da Francisca Pinto
Local: Quadrada Poliesportiva da Escola do Campo Francisca Pinto – Ocara/CE
Data: 28 de junho de 2024, a partir das 19 horas.
Festival Filhos de Mandacaru
Assentamento Antônio Conselheiro – Ocara/CE
Data: 29 de junho de 2024 a partir das 19 horas
Local: Parque de vaquejada/Clube Boas Vindas
XII Edição do Festival Estrela do Norte
Assentamento 2 de Maio, Tamboril/CE
Data: 29 de junho de 2024 a partir das 19:30
Local: Quadra do Assentamento 2 de Maio
Arraiá do Compadre de Luta Toin Tavares e da Comadre Mercês
EEMP do Campo Antônio Tavares Alves – Comunidade Logradouro I, Assentamento Ipueira da Vaca, Canindé/CE – Data: 29 e 30 junho a partir das 19 horas;
Local: Quadra da Escola do Campo
Festival Santana Junina
Assentamento Santana, Monsenhor Tabosa/CE
Data: 30 de junho de 2024 a partir das 19 horas.
Local: Quadra da Escola São Francisco
Tradicional Arraiá do Povo Assentamento Vida Nova Transval
Data: 05 de julho de 2024
Festival do Assentamento Bonfim Conceição
Santana do Acaraú/CE
Data: 05 de julho de 2024
XXV Festival Junino da Reforma Agrária
Assentamento Monte Alegre – Tamboril/CE
Data: 05 de julho de 2024 a partir das 19 horas
Local: Quadra poliesportiva
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Fonte: BdF Ceará
Edição: Francisco Barbosa