O levantamento A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, mostra que 22 milhões de moradias brasileiras não possuem coleta de esgoto, e um milhão não possuem banheiro.
Para comentar os dados e as possíveis soluções para esse cenário, o programa Central do Brasil desta segunda-feira (4) conversou com André Machado, coordenador de relações institucionais do Trata Brasil.
O pesquisador ressaltou que 46% das moradias brasileiras – quase 34 milhões – sofrem com algum tipo de privação relacionada ao saneamento. “A gente pode dizer que a população que convive com algum tipo de privação mora nas regiões Norte e Nordeste, em grande parte são pessoas jovens, com até 20 anos, são famílias com muitas crianças e os pais são pessoas de baixa idade. Essa família se autodeclara preta ou parda, são pessoas simples sem muita instrução formal, uma população muito pobre ela ganha menos de R$ 2,4 mil por mês, às vezes até bem menos do que isso”, explicou.
Segundo ele, a falta de saneamento afeta a saúde dessas pessoas. “Com mais frequência eles têm diarreia, vômito e acabam ficando sem trabalho, ou sem escola, por alguns dias. O lixo na porta de casa acaba atraindo animais como ratos, que podem trazer doenças como leptospirose e uma série de outras. A criança vai faltar mais a escola, o adulto vai faltar mais ao trabalho, isso tudo vai gerar o ciclo negativo na vida das pessoas que vai impedindo que elas prosperem. Isso acaba gerando um custo maior no sistema público de saúde”, argumenta.
Além disso, há impactos no meio ambiente. De acordo com Machado, o volume de esgoto não tratado no Brasil é suficiente para abastecer 5.522 piscinas olímpicas todos os dias. “Até aqui, nesse ano a gente já despejou na natureza mais de 1 milhão e 700 mil piscinas olímpicas de esgoto.”
Dados de 2021 do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento Básico mostram que foram investidos um pouco mais de R$17,3 bilhões no saneamento básico no país. Segundo Machado, o valor é insuficiente. “A gente já sabe que para universalizar o serviço deveríamos estar investindo R$ 44,8 bilhões. É preciso manter o saneamento básico na agenda dos nossos governantes e também na da nossa sociedade. É o prefeito, é a câmara de vereadores que precisa dar encaminhamento a essas soluções.”
A entrevista completa está disponível na edição desta segunda-feira (4) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.