O núncio apostólico na Ucrânia, monsenhor Visvaldas Kulbokas, afirmou nesta terça-feira (30) que a Santa Sé trabalha pela realização de uma “mesa humanitária para promover a paz” entre a Rússia e a Ucrânia.
A declaração foi dada em entrevista à emissora italiana católica TV2000.
“Uma guerra assim não se resolve facilmente, mas a Santa Sé, tendo um papel particular como Igreja, tem a capacidade de propor mecanismos. Os esforços continuam.
Quando se percebe que um formato não funciona, começamos a procurar outro, fazendo verificações. É um trabalho contínuo”, afirmou.
“Não podemos deixar a Ucrânia sozinha, porque uma guerra tão feroz destrói os mecanismos de diálogo e os contatos. É necessário um grupo de países que acompanhe e ajude Kiev e Moscou. Não apenas a Ucrânia como país agredido, mas também a Rússia, porque há a necessidade de nos sentarmos todos ao redor de uma mesa em nome da humanidade”, acrescentou o religioso.
“A Igreja não tem propostas específicas no plano político. Nos concentramos nos aspectos humanos, mas se encontrarmos uma mesa de trabalho conjunta sobre os aspectos humanitários, isso também pode encorajar outros aspectos do diálogo”, disse.
Ele afirmou que a possibilidade de surgir uma “faísca de paz” é uma “esperança bem fundamentada”: “A Santa Sé não pode abrir mão das tentativas de recuperar a paz. Ainda estamos no âmbito das tentativas, mas concretas”.
O religioso lembrou ainda a iniciativa do papa Francisco de promover uma missão de paz, com o enviado especial Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI).
“As visitas do cardeal Zuppi criaram canais e mecanismos nos quais o trabalho continua. O mais importante é o trabalho que envolve as crianças. Esperamos que possam retornar à Ucrânia”, concluiu.