O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou ao governador Eduardo Leite por volta das 17h50min que estará chefiando pessoalmente uma comitiva de ministros que irá ao Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (2) pela primeira hora da manhã.
Segundo áudio do ministro Paulo Pimenta, em função das condições climáticas, todas as decisões serão reavaliadas no momento da decolagem.
Também participam da comitiva o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o ministro Waldez Góes, da Integração Nacional, e o ministro Renan Filho, dos Transportes, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. Estarão presentes ainda o comandante do Exército, o comandante da Aeronáutica e o chefe da Defesa Civil. O ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, acompanhará o presidente, assim como outras autoridades e técnicos das áreas específicas que precisem estar presentes para dar o suporte e o apoio necessário nessas atividades e reuniões de trabalho.
Pimenta explica que a visita do presidente tem por objetivo demonstrar não só a preocupação, mas a presença do governo federal no estado nesse momento. “Nós já temos mais de 330 homens do exército mobilizados, equipamentos, botes salva-vidas, oito aeronaves, oito helicópteros, alguns deles sem condições de terem operado devido às condições climáticas, dois helicópteros disponíveis em Santa Catarina que ainda não conseguiram voar para o Rio Grande do Sul. Uma aeronave da Marinha, em Rio Grande, que não conseguiu voar ainda por conta das questões climáticas. Mas na medida que as condições permitirem, todos esses helicópteros também entrarão imediatamente em operação.”
O ministro garante que não vai faltar efetivo e apoio. “Nós vamos, nesse primeiro momento, dar ajuda humanitária. E num segundo momento vamos trabalhar junto com a Defesa Civil do estado e dos municípios, do trabalho de limpeza, reconstrução e apoio. Apoio total do governo federal, presença total do governo federal e a presença do Lula amanhã no Rio Grande do Sul é mais do que nunca essa demonstração de responsabilidade e compromisso com o Rio Grande.”
No final da tarde, o governador Eduardo Leite concedeu coletiva à imprensa em que fez o anúncio da vinda do presidente Lula e outras ações do governo do estado. Afirmou que o estado do Rio Grande do Sul está vivendo a pior tragédia já vivida e vai piorar. Orientou ainda que todas as pessoas que moram próximos aos rios que estão subindo que deixem suas casas.
Cheia do Guaíba em Porto Alegre é iminente
A MetSul Meteorologia alerta que uma cheia do Guaíba em Porto Alegre é iminente e que deve ser de grandes proporções, rivalizando com algumas das maiores da história nos últimos 80 anos.
A população das ilhas de Porto Alegre e do Delta do Jacuí deve iniciar imediatamente os preparativos para remoção de objetos pessoais e preservar o seu patrimônio. O nível do Guaíba na régua do Cais Mauá, no Centro, que na terça-feira (30) estava em 1,40 metro nas primeiras horas da tarde, no começo da tarde desta quarta-feira (1) estava em 1,97 metro e, assim, praticamente na cota de cheia de 2,00 metros.
A tendência é que o nível siga subindo rápida e acentuadamente. As águas dos rios contribuintes (Jacuí, Taquari, Caí, Gravataí e Sinos) tardam até 48 horas para alcançar o Delta do Jacuí, na área de Porto Alegre, mas choveu demais na parte final desta bacias e a água recém começa a chegar. Quase toda a vazão da chuva já ocorrida ainda não chegou e tem mais chuva extrema para cair nos rios contribuintes, assim o pior da cheia deve ocorrer no final desta semana e na semana que vem na área do Guaíba.
“Não é possível estimar a altura exata que o Guaíba possa chegar, uma vez que o evento de instabilidade está distante do fim e o que vai chover ainda é previsão e não um dado real observado que possa permitir melhor avaliação, mas com o que já se sabe pelo que choveu e onde choveu é possível alertar que uma grande cheia é altamente provável”, alertam.
Considerando os picos históricos das últimas horas do Rio Taquari (27 metros no Porto de Estrela), a cheia enorme do Rio Caí (16,5 metros em São Sebastião do Caí) e a imensa quantidade de água que caiu no Jacuí no Centro e no Norte do estado (300 mm a 500 mm), e ainda a tendência de chover mais nestas bacias, o Guaíba se encaminha para ter uma das maiores cheias dos últimos 80 anos, desde 1941.
É factível que o Guaíba possa se aproximar ou atingir a cota de extravasamento de 3,00 metros no Centro, mas é cedo ainda para se afirmar que alcançará tal marca e quando. Neste época do ano, no último século, o Guaíba só atingiu 3,00 metros na enchente de abril e maio de 1941. Nas outras vezes em que transbordou com 3,00 metros, as enchentes se deram no fim do inverno e na primavera com 3,11 metros (setembro de 1967), 3,18 metros (setembro de 2023) e 3,46 metros (novembro de 2023).
Prefeitura determina fechamento de comportas do Cais Mauá e decreta situação de emergência
O prefeito Sebastião Melo determinou na noite desta quarta-feira (1º), o fechamento das comportas do Cais Mauá. A medida, definida em conjunto com os órgãos de pronta-resposta no Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic-POA), tem como base as previsões de elevação do nível do Guaíba nos próximos dias. O processo de fechamento das comportas se inicia às 8h desta quinta-feira (2).
A aferição mais recente foi de 2,01 metros no Centro Histórico – onde a cota de alerta é de 2,5 metros, e de inundação é de 3 metros. A região das Ilhas, que será o foco das ações do município nas próximas horas, é consideravelmente mais baixa – apresentando cota de alerta em 2 metros, e de inundação na casa dos 2,2 metros.
Defesa Civil e Procuradoria-Geral do Município (PGM) vão editar um decreto de situação de emergência de nível 2. O instrumento permite que o Executivo solicite e receba recursos, de forma facilitada, das esferas estadual e federal – além de autorizar o município a mobilizar todos os órgãos nas ações necessárias.
“É de suma importância que as pessoas compreendam que devem buscar um lugar seguro – seja a casa de familiares, ou as estruturas da prefeitura. Já as famílias que estão longe das áreas de risco devem priorizar ficar nas suas residências”, ressalta o coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko