Em dia nacional de luta para barrar as privatizações na Petrobras e exigir a saída da gestão bolsonarista da estatal, nesta sexta-feira (24), petroleiras e petroleiros paralisaram as atividades e realizaram manifestação em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS). A categoria denuncia que a diretoria, ainda ocupada por indicados do governo Bolsonaro, aprovou a continuidade de processos de privatização da empresa, contrariando orientação do governo Lula via Ministério das Minas e Energia (MME).
A manifestação nacional foi convocada pela Frente Única dos Petroleiros (FUP) e ocorre em frente a refinarias de 13 estados brasileiros e Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, é promovida pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS). O movimento sindical cobra que o governo Lula assuma o controle da Petrobras e dê sequência ao projeto que foi eleito nas urnas de resgate da soberania nacional e reconstrução da empresa.
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A presidenta do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira, destaca que a categoria mais uma vez foi chamada à luta em defesa da companhia. “Apesar de quase três meses do novo governo, ainda temos a diretoria da Petrobras indicada pelo Paulo Guedes, do governo passado, que desrespeita as ordens do novo governo, do atual ministro de Minas e Energia, para paralisar todas as privatizações que estavam em andamento”, afirma.
No dia 17 de março, a direção da Petrobras emitiu documento ao mercado informando que não verificou fundamentos para suspender privatizações com contratos já assinados e que os processos ainda não assinados seguirão em análise. O anúncio foi em resposta ao ofício do MME, de 1º de março, que pediu a suspensão das privatizações, por 90 dias, para reavaliação da Política Energética Nacional atualmente em curso e instauração de nova composição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
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Com isso, mantém-se em curso a continuidade da venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), de Fortaleza (CE), e dos polos de produção do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo.
Petrobras a serviço do país
“O governo já disse que não é para privatizar mais nada. Que agora é hora de reconstruir a Petrobras, que é hora da Petrobras voltar a investir no país, gerar empregos, valorizar sua força de trabalho”, diz a presidenta do Sindipetro-RS. Recorda ainda que as unidades da empresa estão sendo “vendidas pela metade do preço, as vezes por menos da metade, em negócios totalmente obscuros, sem nenhuma transparência”.
Também presente no ato em frente à Refap, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), Amarildo Cenci, afirma que a atual diretoria continua investindo contra a Petrobras, enquanto a nova diretoria não é efetivada, o que está previsto para ocorrer em abril.
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“Estamos aqui pra dizer que, ao contrário do que dizem esses interesseiros, vendilhões da pátria e das empresas públicas rentáveis do país, a Petrobras sim é nacional, fica do controle do estado brasileiro e deve estar a serviço do desenvolvimento social, econômico, industrial e tecnológico do brasil”, pontua Cenci.
Presidente indicado por Lula está isolado na diretoria
Nesta quarta-feira (22), após pressão das entidades sindicais e sob a iminência de uma greve, o conselho da Petrobras anunciou a nova composição para a direção da estatal. Além do presidente Jean Paul Prates, indicado por Lula que ocupa interinamente o cargo e segue isolado no comando da empresa, outros sete diretores foram aprovados e deverão assumir no próximo dia 29.
Em nota à imprensa, a FUP comunicou que seguirá acompanhando a nova gestão, o que significa manter posicionamento crítico quando necessário, apontando possíveis erros e reconhecendo os acertos.
“Esperamos que a nova diretoria executiva reveja a posição da anterior e o Conselho de Administração suspenda, na próxima reunião, a venda dos projetos que já tiveram pré-contrato assinado, respeitando o ofício do MME”, diz o coordenador geral da FUP, Deyvid Souza Bacelar da Silva.