Há 70 anos a Petrobras desenvolve pesquisas altamente tecnológicas em todo país. Um resultado desses investimentos em inovação e tecnologia foi a descoberta do pré-sal em águas ultraprofundas. Atualmente, a tecnologia é uma aliada da estatal no objetivo de promover a “descarbonização”, ou seja, a produção de energia menos poluente, mais sustentável e com olhar a longo prazo para a transição energética.
O Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), localizado na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, configura um dos maiores complexos de pesquisa aplicada à indústria de energia do mundo. Por meio do Cenpes, diversas parcerias com instituições científicas e empresas de base tecnológica no Brasil e no exterior buscam não só melhorar a produtividade, eficiência e segurança das operações, como também viabilizar fontes de energia alternativas.
Para Cibele Vieira, diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e coordenadora do Sindpetro Unificado, o desafio colocado para a estatal nessa área está alinhado ao esforço global de reduzir o impacto de emissões na atmosfera para geração de energia.
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“As refinarias [da Petrobras] vem aumentando a capacidade instalada de produção sem necessariamente aumentar o número de plantas [quantidade de usinas], só aumentando a capacidade tecnológica. Também o combustível menos poluente, tudo é capacidade tecnológica. A Petrobras é uma empresa que por essência desenvolve muito tecnologia e é reconhecida mundialmente por isso”, afirma a dirigente sindical.
Biocombustíveis
Um exemplo recente da capacidade tecnológica da Petrobras alinhada aos objetivos sustentáveis é o diesel renovável, que inclusive será utilizado pela montadora Volvo no seu complexo industrial de Curitiba, no Paraná, onde são produzidos caminhões e chassis de ônibus.
A decisão da montadora de adquirir o combustível renovável aconteceu após uma demonstração da tecnologia no Cenpes. A parceria comercial foi anunciada no início deste mês. Segundo a estatal, o chamado Diesel R é quimicamente idêntico ao diesel de petróleo, só que feito a partir de fontes renováveis ou residuais, como óleo vegetal.
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Estudos apontam que esse tipo de biocombustível traz reduções em relação ao biodiesel de base éster – encontrado nos postos de gasolina – de cerca de 15% das emissões de gases de efeito estufa e, em relação ao óleo diesel mineral, a redução pode ser de 70% a depender da matéria-prima utilizada.
“A Petrobras foi a primeira empresa no Brasil a desenvolver tecnologia própria de coprocessamento de matéria-prima renovável no refino, além de projetar e implantar em nossas unidades o diesel com conteúdo renovável. Temos a satisfação de iniciarmos essa parceria comercial com a Volvo, uma empresa reconhecida internacionalmente pela preocupação ambiental”, declarou o diretor de Comercialização e Logística, Claudio Romeo Schlosser, em matéria no site da estatal.
A produção do Diesel R em escala industrial, na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, aguarda regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O nome da mistura remete à porcentagem de conteúdo renovável adicionado na mistura, podem ser de 5% (Diesel R5), 12% (Diesel R12) ou mesmo superior.
Retomada tecnológica
Como consequência da política de desinvestimento dos governos anteriores, a Petrobras também sofreu perdas significativas na área de desenvolvimento tecnológico, um dos pilares para as atividades da estatal e que deve ser retomado nesta nova fase da empresa, afirma a dirigente sindical Cibele Vieira.
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“A Petrobras historicamente investia muito em pesquisa e foi sucateada, inclusive em engenharia. Mas já está voltando, e não à toa, os últimos concursos deste ano foram de engenheiros, para voltar a ter esse foco mais forte na questão da tecnologia de ponta. Isso traz frutos não só para o Brasil, como para o mundo”, reforça a diretora da FUP.
Nesse sentido, o Plano Estratégico (2024-2028) da estatal destaca que o caminho para transição energética, ou seja, da superação da matriz fóssil, passa pelo fortalecimento de parcerias tecnológicas e operacionais.
“É inegável que o petróleo, que a energia fóssil, gera poluição. Então é parte da responsabilidade social da empresa ter que achar meios para diminuir o impacto social, climático, do que ela gera. Investir em pesquisa de biocombustível, no desenvolvimento de outras fontes de energia, é cumprir o papel para minimizar o impacto que o produto que a empresa faz gera para o planeta”, finaliza Cibele.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda