A operação parcial da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos nesta terça-feira (3) colocou em risco a integridade dos passageiros do sistema. Em tentativa desesperada de diminuir o impacto da greve dos trabalhadores da companhia, funcionários de setores de supervisão foram chamados a conduzir os trens – tarefa para a qual eles não têm experiência.
Durante o dia, os sindicatos que representam a categoria recebram denúncias de que os supervisores escalados para conduzir os trens ainda trabalharam sob pressão, sem tempo de ir ao banheiro ou sem pausas para alimentação. Em vez dos 50 profissionais que trabalham a cada turno em cada uma das linhas, a operação forçada da CPTM tinha cerca de 20 condutores.
Na cidade de Rio Grande da Serra, na região metropolitana, um dos trens conduzidos por supervisores esteve perto de atingir um carro em uma passagem de nível (cruzamento entre a linha férrea e a pista para veículos). Segundo testemunhas, devido à falta de experiência, o profissional arrancou com o trem sem aguardar o fechamento total da cancela.
O Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de imprensa da CPTM por telefone e por e-mail para solicitação de posicionamento sobre as denúncias, mas não obteve retorno. Caso haja resposta, este texto poderá ser atualizado.
Por volta das 17h desta terça-feira, as linhas 7 (Rubi) tinha operação parcial entre as estações Luz e Caieiras, enquanto a linha 11 (Coral) circulava entre Luz e Guaianases. Já as linhas 10 (Turquesa), 12 (Safira) e 13 (Jade) estavam com as operações totalmente interrompidas.
Movimento unificado
A mobilização conjunta dos trabalhadores do Metrô e da CPTM tem também a participação de funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). As três categorias se articulam para frear a proposta de privatização dos serviços públicos, uma das promessas de campanha do hoje governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura no governo de Jair Bolsonaro (PL).
No caso do transporte sobre trilhos, os sindicatos que representam os profissionais da categoria chegaram a propor que o dia fosse de “catraca livre”, ou seja, que os passageiros viajassem sem cobrança de passagem, mas o governo pediu, e a justiça acatou o veto a essa medida, alegando “altos riscos de tumultos e possíveis acidentes nas estações”.
Ao decidirem pela greve, os profissionais da Sabesp se organizaram para garantir o atendimento emergencial a escolas e hospitais para evitar a interrupção do fornecimento de água em caso de acidentes, por exemplo. Além disso, as estações de tratamento de água seguirão funcionando – não haverá cortes de fornecimento devido à paralisação.
Edição: Rodrigo Durão Coelho