O papa Francisco admitiu neste sábado (23) que sente “frustração” pela falta de resultados concretos da missão de paz do Vaticano na Ucrânia e na Rússia, mas apontou avanços nas negociações sobre as crianças que Kiev diz que foram deportadas à força pelo regime de Vladimir Putin durante a guerra.
A missão da Santa Sé é conduzida pelo cardeal italiano Matteo Zuppi, que já viajou a Kiev, Moscou, Washington e Pequim para tentar encontrar vias de diálogo, até agora sem sucesso.
“Isso é verdade, se sente alguma frustração, porque a Secretaria de Estado está fazendo de tudo para ajudar. Tem algo com as crianças que está caminhando bem”, disse o líder da Igreja Católica em seu voo de volta de Marselha para Roma, sem dar mais detalhes.
O Papa ainda afirmou que a guerra não tem a ver apenas com a questão russo-ucraniana, mas também com “o comércio de armas”.
“Um economista dizia meses atrás que os investimentos mais lucrativos hoje são as fábricas de armas, fábricas de morte. O povo ucraniano é um povo mártir, tem uma história muito martirizada, mas não podemos brincar com o martírio desse povo”, acrescentou.
Segundo Jorge Bergoglio, é preciso ajudar a Ucrânia a “resolver as coisas do modo mais real possível”. “Agora vi que algum país recua, não dá mais armas [à Ucrânia], e começa um processo onde certamente o mártir será o povo ucraniano”, disse, em referência velada à Polônia, que nesta semana anunciou que não vai mais fornecer armamentos a Kiev.