“Toda a tática desses provocadores é espalhar o medo através das armas ou das ameaças”, diz ex-presidente do PT
O ex-presidente do PT e ex-deputado federal por São Paulo José Genoíno convocou a população a participar da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no dia 1° de janeiro, em Brasília. Ele considera que a presença popular no evento de posse é a melhor resposta do povo brasileiro às ameaças fascistas de intervenção militar no país, que neste fim de semana culminaram com a ação de um empresário bolsonarista, George Sousa, que armou uma bomba em um caminhão de combustíveis em Brasília, com a intenção declarada de provocar o caos na capital federal.
“Na posse de Lula nós temos de ocupar Brasília, tem que ser uma posse massiva e popular para mostrar a resposta que se dá ao próprio fascismo. Toda vez que a esquerda recua vai para o apaziguamento e diminui a intensidade das manifestações para enfrentar a violência e as armas, eles (os golpistas) se tornam poderosos e conseguem o objetivo que é ameaçar. Eles falam que vai ter golpe a gente vai recuando, não é o caminho mais adequado”, defendeu.
Em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na edição desta segunda-feira (26) do jornal matutino da Rádio Brasil Atual, Genoíno disse que os acampamentos antidemocráticos na frente de quarteis representam “forças protofascistas”, alimentadas ao longo desses quatro anos e tendo como respaldo a estrutura militar.
“É inaceitável que os quartéis e que as áreas de segurança das forças armadas sejam ocupadas por acampados e deles surgiram ações terroristas, vândalos e ações ameaçadoras. Já devia ter ocorrido, mas eu espero que a partir do dia 1° de janeiro, com a posse do presidente Lula, haja uma determinação clara para que esses provocadores sejam desalojados dos quarteis.”
Ele também diz que “toda a tática desses provocadores é espalhar o medo através das armas ou das ameaças e nós não podemos cair nessa armadilha; temos de enfrentá-los com medidas políticas e judiciais, e também com o povo nas ruas”.
Ministério da Defesa
Indagado se considera a indicação do ex-ministro José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa como um recuo do governo eleito em relação à tendência autoritária das Forças Armadas, que ganhou repercussão no governo de Jair Bolsonaro (PL) desde o início de seu mandato em 2018, Genoíno afirma que há um aspecto de continuísmo nessa indicação.
“Eu acho que a cúpula militar tinha de ser enquadrada politicamente através da soberania do poder que emanou das urnas. Essa soberania popular que elege o presidente tinha que comandar o aparelho militar, tinha de haver um ministro da Defesa, não de acordo com os comandantes, mas de acordo com a autoridade do comandante supremo, que é o presidente da república eleito”, afirmou.
“O cargo de ministro da Defesa é político e não pode ser um acordo com os comandantes. Ao indicar os comandantes, tinha que levar em conta a posição em relação às urnas. Nós temos que ‘desbolsonarizar’ as Forças Armadas.”