O ex-senador Jean Paul Prates (PT) refez parte dos planos da Petrobras para o Nordeste do país em menos de dois meses após assumir a presidência da estatal. Em visitas por estados da região, Prates já anunciou a suspensão dos planos da petroleira de sair da Bahia e do Rio Grande do Norte –este, seu reduto eleitoral. Além disso, avisou que deseja que uma nova e estratégica diretoria da Petrobras seja sediada em solo potiguar.
Prates esteve na sede da Petrobras em Natal no início de fevereiro, cerca de dez dias depois de tomar posse na estatal. Lá, reuniu-se com a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que comunicou os planos da empresa para o estado.
Segundo Bezerra, Prates criará uma diretoria de energias renováveis na Petrobras –tema que ainda será analisado pelo conselho da petroleira. Essa diretoria, inclusive, ficaria no Rio Grande do Norte justamente por conta da experiência do estado no setor.
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O Rio Grande do Norte é o estado brasileiro que mais gera energia eólica –ou seja, pelo vento. No início do mês, já sob gestão de Prates, a Petrobras anunciou um acordo com a empresa Equinor, da Noruega, para avaliar projetos de energia eólica offshore –isto é, gerada no meio do oceano– inclusive no Rio Grande do Norte.
“O Rio Grande do Norte já fez a transição energética. Era o maior produtor de petróleo em terra, e hoje é o maior produtor de energia eólica, autossuficiente em energia renovável. Cabe à Petrobras fazer uma transição energética justa, que não deixe ninguém para trás. A Petrobras já definiu que vai atuar em eólica offshore, hidrogênio, que são novas fronteiras”, afirmou Prates, dias depois do encontro com Bezerra, em solenidade na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern).
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Neste evento, Prates também afirmou que a Petrobras concentrará esforços para exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial. A nova fronteira está localizada no litoral entre os estados do Rio Grande do Norte e Amapá. A previsão é perfurar 16 poços e investir R$ 10 bilhões na área durante os próximos cinco anos.
“Vamos furar o Poço de Pitu, na Margem Equatorial, na costa do Rio Grande do Norte”, afirmou Jean Paul Prates, a empresários potiguares.
Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras se desfez de boa parte dos seus poços de petróleo no Rio Grande do Norte. Por conta dessa política, havia temores de que a estatal deixasse o estado, o que está agora fora de cogitação.
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Planos para Bahia
A gestão bolsonarista da Petrobras também vendeu a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) e o Terminal Madre de Deus (Temadre), na Bahia. Também no estado, a Petrobras pretendia vender unidades de produção de biocombustíveis, poços de petróleo terrestres e ainda tinha fechado sua sede local, na chamada Torre Pituba.
Na segunda-feira (13), Prates esteve em Salvador e anunciou a reabertura da Torre Pituba, além de investimentos para exploração de poços terrestres do Polo Bahia Terra.
O polo teve a operação paralisada a pedido da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no fim do ano passado. Desde então, a Petrobras segue cronograma proposto ao órgão regulador para voltar a produção e atender as solicitações o mais rápido possível.
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O Polo Bahia Terra estava em negociação com as empresas Petrorecôncavo e Eneva. No início do mês, o governo federal solicitou à Petrobras a suspensão por 90 dias de todos os processos de privatização em curso na Petrobras. A empresa disse que iria avaliar a solicitação. Até agora, não se pronunciou se isso afeta a negociação do polo.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, reuniu-se com Prates na Bahia. Após o encontro, informou que a ideia do novo presidente da Petrobras é mesmo sustar a venda dos poços.
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“Os petroleiros ouviram de Prates que deverá ser mais fácil sustar a privatização de Bahia Terra, pois nesse caso não houve assinatura definitiva de contrato”, disse Bacelar.
“Prates ressaltou que a nova administração vai remodelar também a Petrobras no estado baiano, com características de atuação para energias renováveis”, acrescentou o petroleiro, que considerou “bons” os compromissos assumidos pelo novo presidente.
Edição: Rodrigo Durão Coelho