Por Giordanna Neves e Iander Porcella
Apesar da resistência da bancada do União Brasil em aprovar a medida provisória da reestruturação dos ministérios, o líder do partido, Elmar Nascimento (BA), afirmou que, em “homenagem” ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), todos os votos possíveis da legenda serão entregues a favor da matéria do Executivo.
“Em homenagem a você, nós vamos entregar todos os votos que eu puder e que o União puder me acompanhar em homenagem ao governo hoje”, disse Elmar durante discurso em plenário da Câmara, ao reforçar que todos os parlamentares da bancada queriam se posicionar contrários à pauta.
Elmar avaliou que a resistência do Parlamento em aprovar uma pauta de prerrogativa do Executivo é fruto da forma desorganizada na relação do governo com o Congresso. A rejeição da MP, segundo ele, não teria lógica política, mas seria uma resposta “fora do padrão” diante do atual cenário na articulação do governo. O deputado insistiu ter se posicionado favorável à ideia de reprovar a medida, mas foi vencido por outros líderes partidários.
“Fizemos reunião dos partidos que estavam dispostos a votar contra o governo e houve divisão. Alguns achavam que deveriam caminhar favorável, outros que deveriam caminhar contra. Seguindo o que senti do pulso da minha bancada, eu encaminhei, no sentido da reunião interna, que a gente deveria votar contra o governo nesta matéria hoje. Fui vencido, levei a posição para minha bancada com toda honestidade, toda lealdade e pedi um último gesto (para) que a gente pudesse votar com o governo essa noite”, afirmou, ao ressaltar a decisão como uma homenagem a Lira.
De acordo com o líder, todos os recados de insatisfação com o governo “têm sido dados sucessivamente” pela Casa. “Tudo é fruto da forma contraditória, desgovernada, de falta de uma base estabilizada. (Isso) faz com que houvesse a possibilidade da Casa dar uma resposta política (derrubar a MP), a falta de uma articulação e segurança mais concretas. Os recados vêm sendo dados dia a dia”, disse Elmar. Ele citou, por exemplo, a derrota nos decretos que alteravam o Marco do Saneamento Básico.
O líder afirmou que, mesmo com a derrota na matéria do saneamento, o governo sequer procurou entender a dificuldade de relação junto aos parlamentares. “O governo procurou entender o que estava acontecendo na Câmara dos Deputados? Não procurou entender. Preferiu ir do outro lado, no Senado Federal, obstaculizar o andamento do decreto e ali paralisar”, disse.
Durante o discurso, Elmar também fez elogios ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). “Quero registrar o trabalho extraordinário de um amigo que tem a cada dia minha admiração e confiança. Não importa onde ele esteja, pelo sacrifício que ele tem sido levado a ter por conta do governo não ter lhe correspondido na vontade dele de acertar”, afirmou.