No Brasil, a renda dos 10% mais ricos é mais de 14 vezes maior do que a renda dos 40% mais pobres, segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, divulgados na última sexta-feira. O levantamento considera o ano de 2023 e essa diferença é a menor já registrada no país. Ainda assim, evidencia a desigualdade, mostrando que a renda média mensal da população com maior rendimento domiciliar por pessoa era de R$ 7.580, enquanto os brasileiros com menor rendimento receberam apenas R$ 527 mensais.
Em entrevista ao Central do Brasil desta terça-feira (23), Maitê Gauto, gerente de programas e incidência da Oxfam Brasil, afirmou que a diminuição dessa diferença é um bom sinal quando se olha para um cenário mais amplo do país, principalmente levando em consideração a crise gerada no contexto da pandemia. Porém, existem outros dados que mostram que a disparidade ainda é enorme, como o fato de “o 1% mais rico ter sua renda quase 40 vezes maior do que a renda dos 40% mais pobres”.
A pesquisa mostra um aumento do número de famílias que recebem programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, o que explica o aumento da renda dos mais pobres. Mas Gauto explica que é preciso ter atenção a outros fatores antes de determinar que a situação se manterá positiva.
“É preciso olhar para esse número [e entender] quanto de fato as pessoas estão recebendo e o quanto isso impacta na qualidade de vida considerando a inflação, o aumento dos custos e tudo que a gente acumulou durante o período da pandemia, e a resiliência das famílias em relação a outros possíveis impactos de uma crise econômica, ou inclusive da crise climática”, pontua.
Gauto ainda alerta que os dados trazem um indicativo de redução de pobreza, e não de redução da desigualdade. “Quando a gente tem um cenário onde aumentou a massa de domicílios que recebem um programa de transferência de renda, e ainda assim a diferença entre os 10% mais ricos ou 1% tá em 14 vezes e quase 40 vezes, a gente continua em um cenário de desigualdade brutal.”
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Dessa maneira, além de garantir medidas macroeconômicas de geração de postos de trabalho, e políticas sociais para famílias em maior situação de vulnerabilidade, é preciso ir além. “A criação de impostos sobre riqueza e sobre a extrema-riqueza no país é a medida mais eficiente e justa para reduzir a pobreza e a desigualdade no país”, finaliza.
A entrevista completa está disponível na edição desta terça-feira (23) do Central do Brasil, que pode ser acessada no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Edição: Nicolau Soares