Por Maria Regina Silva
As taxas dos juros futuros renovaram máximas na manhã desta sexta-feira, 16, seguindo alguns vértices dos Estados Unidos, e ainda na esteira do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) acima do previsto. “É mais uma correção devido aos movimentos de queda dos últimos dias, algum ajuste de recomposição de prêmio. Lá fora, está instável”, avalia o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
Os rendimentos dos Treasuries sobem, após instabilidade e depois de caírem na sessão anterior. Os investidores esperam a divulgação de dados de confiança do consumidor dos Estados Unidos e expectativas de inflação que podem influenciar a trajetória dos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
No Brasil, o BC divulgou o IBC-Br, que subiu 0,56% em abril ante março, ante mediana de estabilidade das projeções. O intervalo ia de queda de 1,50% a alta de 1,30%.
Conforme Rodrigo Correa, estrategista chefe e sócio da Nomos, o resultado reforça a percepção de um crescimento mais forte da economia neste ano, que já é notória. “Faz um tempo que o mercado tem feito revisões para cima no PIB. Isso reflete os impulsos deste governo e do anterior. Todas as reformas têm surpreendido na parte de atividade. Isso é um fator a pesar na inflação, mas a insistência do BC por parâmetros técnicos tem feito a inflação cair”, avalia.
Neste sentido, menciona o IGP-10, que teve deflação de 2,20% em junho – maior queda da série histórica da FGV – após recuo de 1,53% em maio, acumulando variação negativa de 6,31% em 12 meses A mediana para o IGP-10 era recuo de 2,12%. Já o IPC-S cedeu 0,17% na segunda quadrissemana do mês, após variação zero na primeira leitura.
“As taxas futuras sobem, mas não é um movimento leve. A tendência é de queda brutal desde que o Haddad ministro da Fazenda, Fernando Haddad fez a primeira reunião de emergência deste governo, no começo do ano”, completa Correa, da Nomos.
Ainda assim, mantêm viés de alta. Segundo a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese, o movimento reflete as Treasuries e o IBC-Br um pouco mais forte. “Também tem um pouco de correção”, diz. “Com esse IGP-10, não deve subir muito não”, acrescenta, lembrando que a partir de agora o mercado deve começar um movimento mais de expectativa por conta do Copom, na semana que vem.
De acordo com o sócio da Tendências, o ajuste de hoje nos juros futuros não muda a percepção em relação ao Copom, na semana que vem, que deve manter a Selic em 13,75% ao ano, indicando um corte no encontro de agosto de forma não tão explícita. “A parte curta da curva caiu muito, precificando corte agressivo, mas a longa sugere que há desafios. Então, o BC deve fazer uma pausa para avaliar o cenário, se a inflação seguirá mesmo desacelerando, como ficará o arcabouço fiscal e o CMN”, diz o economista Silvio Campos Neto.
Às 10h08, a taxa do depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 operava a 13,050%, na máxima, e ante 12,999% do ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 11,200%, ante máxima a 11,205%, após 11,096% na véspera; o DI para janeiro de 2027 exibia 10,67%, na máxima, e ante 10,56% no ajuste ontem. O de 2029 ia a 11,01%, depois da máxima, de 11,02% e de 10,90% do ajuste na véspera.