A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, realizou nesta terça-feira (9) uma série de reuniões com partidos de oposição para discutir seus planos de reformar a constituição e defendeu a eleição direta do premiê, considerando que isso garante a estabilidade do governo e não quebra o compromisso com os cidadãos.
Segundo Meloni, “a eleição direta do primeiro-ministro garante a estabilidade do governo” e “é a reforma econômica mais poderosa que podemos implementar”.
“É nossa prioridade e vamos formular nossa própria proposta. Espero um elenco amplo que vá além da maioria, mas não à custa de quebrar o compromisso assumido com os cidadãos”, explicou ela, que “está cumprindo suas promessas de campanha eleitoral e seguindo em frente”.
A maior legenda de esquerda da Itália, o Partido Democrático (PD), e o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), no entanto, não são a favor de uma mudança radical na arquitetura institucional, de República parlamentar para presidencialismo.
A líder da PD, Elly Schlein, explicou que pode trabalhar junto com Meloni em “uma desconfiança construtiva”, ou seja, na importância de ter um recuo em vigor no caso de um voto de desconfiança em um governo.
“Vamos trazer algumas das nossas propostas que combinam um reforço da estabilidade mas também da representatividade”, disse ela.
Schlein conversou com o Tg3, mas não comentou sobre o principal impulso dos planos de reforma da premiê sobre a eleição direta do presidente.
“Para começar, devemos mudar esta lei eleitoral, chega de listas bloqueadas, e então podemos falar sobre desconfiança construtiva e podemos reforçar os órgãos de referendo e projetos de lei populares”, acrescentou.
De acordo com Schlein, o PD “não é a favor de reduzir o papel do presidente da República a um modelo de um único homem ou mulher no comando”.
Já ex-premiê Giuseppe Conte, do M5S, afirmou ser contra as três opções propostas por Meloni – eleição direta do presidente como chefe de governo pelo povo; semipresidencialismo de estilo francês, onde o chefe de estado é o chefe de governo, mas escolhe um primeiro-ministro para executar seu programa; e a eleição direta do premiê pelo povo italiano.
No entanto, ele disse que concorda com a necessidade de fortalecer os poderes do primeiro-ministro, mas “num quadro equilibrado, que não mortifique o modelo parlamentar”. E, sobretudo, insiste em manter a função “chave” do presidente da República como “garantidor da coesão nacional”.
“Partilhamos um diagnóstico sobre algumas questões críticas, reconhecemos essas questões críticas a partir do problema da instabilidade do executivo, é um problema que teremos de resolver como garantia ao Parlamento, mas não saiu um acordo”, enfatizou Conte.
Meloni disse durante sua conversa com Conte que as reformas são necessárias para a estabilidade do governo e para garantir que os governos reflitam os desejos do povo nas eleições democráticas.
A premiê enfatizou ainda que está determinada a impedir “executivos formados em laboratório” que não são produtos de eleições, mas de acordos palacianos de bastidores, e disse que tem um mandato do povo para uma reforma institucional de eleição direta porque isso fazia parte do manifesto no qual ela fez campanha nas eleições gerais de 25 de setembro, onde levou a centro-direita a uma vitória esmagadora.