Por Sofia Aguiar e Eduardo Gayer
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que seu otimismo “não é exagerado” e que, ao contrário, é preciso governar com confiança. De acordo com o presidente, se a gestão focar no que o mercado e o Fundo Monetário Internacional (FMI) pensam e nas perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB), “é melhor desistir”.
“Se a gente for governar pensando nisso, é melhor desistir. É importante que essa gente fale para que a gente faça diferente do que eles falam”, disse o presidente, em reunião ministerial nesta segunda-feira, 10, de balanço sobre os 100 primeiros dias de governo, completos hoje. “Temos hoje mais capacidade do que as pessoas que vêm ao governo pela primeira vez.” De acordo com levantamento feito pelo Palácio do Planalto, neste período, foram realizadas cerca de 250 políticas públicas e ações pelo governo Lula 3, tais como nas áreas de combate à fome, infraestrutura, saúde, equidade de gênero, educação, meio ambiente e política externa.
Em um discurso contra as críticas negativas recebidas pelo governo, o chefe do Executivo pediu para que se agradeça as pessoas que falam mal da gestão. “Agradeçam as pessoas que acham que o Brasil não vai bem”, disse.
“Em 2023, já empenhamos R$ 3,3 bilhões em rodovias”, pontuou, comparando investimentos do governo atual com o anterior, sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula afirmou que poderia classificar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, “como rei do otimismo do governo”. “A cada lugar que ministro da Agricultura passa, abre-se nova contratação de frigorífico brasileiro.” De acordo com o presidente, “é assim que a gente tem que ser”, brincando que até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está otimista com Fávaro.
Em críticas à gestão anterior, Lula disse que nunca na história do País, “um presidente da República tinha tratado os entes federados com tanto desrespeito como foram tratados governadores, prefeitos, senadores e deputados mesmo com orçamento secreto”. “Da outra vez, recebi um governo de companheiro democrata, que tinha marca de civilidade”, em referência ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
De olho nas novas medidas de governo, Lula disse não saber “o que está acontecendo com Previdência, mas já acabamos com a fila um dia”. No discurso, ele também falou da importância da democracia. Em meio às críticas a Bolsonaro, Lula disse que, no Palácio do Planalto, será obrigada a apresentação do cartão de vacina contra a covid-19. “Vou terminar essa reunião e fazer o exame de covid para ir à China”, pontuou. O embarque do presidente está previsto para ocorrer na terça-feira, 11, pela manhã. Em sua avaliação, o país asiático está correto ao cobrar testes de covid.
“O Brasil voltou, e voltou a ter governo”, destacou. “O Brasil voltou para conciliar crescimento econômico e social, para ser um país sem fome; voltou a cuidar do que era urgente e inadiável, cuidar do seu povo.” Segundo Lula, não se constrói um país verdadeiramente desenvolvido “sob as ruínas da fome e ataques à democracia”.
O presidente retomou as manifestações golpistas de 8 de janeiro e diz que a união das instituições naquele momento vai marcar seu mandato. “Estamos criando uma nova fase no país; sei que a imprensa, exigente, nos cobra.”
Um dos principais focos da nova fase de governo, que se inicia após a marca dos 100 dias, será a classe média. Segundo ele, para tal camada da sociedade, é preciso fazer a reforma tributária. “Tem pessoas que não precisam tanto do governo”, disse. Conforme pontuou, camadas mais ricas não precisam do Estado. “Os mais ricos não precisam da gente, muito ricos precisam porque às vezes sonegam ou querem dinheiro emprestado.” “Não tem jeito, precisamos governar para quem verdadeiramente precisa do Estado”, disse.
O presidente disse esperar que o programa Farmácia Popular seja implementado em todo o território nacional e que se aprove o Projeto de Lei (PL) de igualdade salarial. De acordo com ele, senadores e deputados votarão em peso.
Lula chega aos 100 dias com dificuldade de criar uma agenda positiva e popularidade menor do que no início dos mandatos anteriores, apostando na retomada de programas que marcaram gestões petistas. Em artigo publicado no domingo, 9, o chefe do Executivo justificou que o governo priorizou, neste início de mandato, “o que era inadiável” para criar “bases para um futuro melhor”.