O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta sexta (1º) da Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes.
Lula chega ao evento um dia após se encontrar em Doha com o emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani. Com ele, o brasileiro tratou de oportunidades de investimentos, ampliação do comércio exterior, parceria na organização do G20 e geopolítica do Oriente Médio, além de participar de um fórum econômico.
“Nós estamos com um vasto programa, muito grande, de energia verde e renovável. Nós estamos com um vasto programa de recuperação de terras degradadas. Acho que a discussão que vai se dar na COP ainda pode não ser decisiva, mas acho que vamos ter que mudar o jogo para que as pessoas aprendam que o planeta não está brincando. O planeta está avisando: cuidem de mim porque senão são vocês que vão perder”, afirmou o presidente em conversa com jornalistas brasileiros antes da decolagem em Doha.
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Aparentemente, o pedido de urgência de Lula encontrou eco em Dubai. A COP28 aprovou nesta quinta-feira (30), primeiro dia de evento, um fundo climático para financiar perdas e danos de países vulneráveis. “Esta é a primeira vez que uma decisão foi adotada no primeiro dia de qualquer COP. E a velocidade com que o fizemos também é histórica”, afirmou o presidente da COP28, Sultan Al Jaber.
O presidente brasileiro terá nesta sexta encontros bilaterais com uma série de cehfes de Estado e lideranças globais: o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; o presidente de Israel, Isaac Herzog; o secretário-geral da ONU, António Guterres; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez; e o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. Lula deve discursar numa sessão de chefes de Estado e de governo.
Com o presidente de Israel, Lula deve tratar sobre a autorização de saída de mais brasileiros da Faixa de Gaza, assim como sobre as negociações para libertação de um cidadão com dupla nacionalidade brasileira e israelense que está entre os reféns em poder do grupo Hamas. A informação, que circulou nesta quinta, foi confirmada ao Brasil de Fato pela assessoria do Palácio do Planalto.
O refém se chama Michel Nisenbaum, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Ele é considerado desaparecido desde 7 de outubro, dia do ataque surpresa do Hamas a Israel, segundo o Brasil de Fato noticiou.
Com o líder da Guiana, é possível que o presidente brasileiro aborde a disputa fronteiriça com a Venezuela pelo território do Essequibo. O governo brasileiro tem defendido que o tema seja solucionado por meio de diálogo.
Presidência do G20
O Brasil assume nesta sexta-feira (1º) a presidência temporária do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, também a União Africana. Durante o mandato de um ano, as prioridades serão: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental); e a reforma da governança global.
Para tentar avançar as conversas nesses três eixos, o Brasil organizará mais de 100 reuniões de grupos de trabalho e cerca de 20 encontros ministeriais, que culminarão na cúpula de chefes de governo e Estado a ser realizada no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024.
“Possivelmente esse será o mais importante evento internacional que nós iremos organizar”, disse o presidente Lula. “A gente vai ter uma reunião histórica no país e uma reunião que espero que possa tratar de assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome”, defende o brasileiro.
O desenvolvimento sustentável, que engloba a transição energética e a implementação da economia verde no país, é uma das prioridades brasileiras por representar o principal instrumento de combate às mudanças climáticas. Para o presidente, é um campo em que o Brasil tem tudo para liderar no cenário mundial. “O Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir, fazer investimentos e fazer com que esse país se transforme em um país definitivamente desenvolvido”, afirma Lula.
Quanto à reforma do sistema de governança internacional, o governo brasileiro a considera necessária especialmente para dar aos países em desenvolvimento mais condições de enfrentar a desigualdade, a fome e a mudança climática e buscar um futuro mais justo para suas populações. “Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar sua força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com a presença de novos países em desenvolvimento entre seus membros permanentes e não permanentes”, disse Lula.
O G20, que responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e 2/3 da população mundial, vive uma espécie de crise existencial e realizou sua última reunião sem a presença dos líderes da Rússia e da China.
Com informações da assessoria do Palácio do Planalto
Edição: Nicolau Soares