Por Isabella Alonso Panho – Especial para o jornal O Estado de S Paulo
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, que decretou a ordem de prisão de nove membros do Primeiro Comando Capital (PCC) que planejavam sequestrar o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e sua família, manteve dois deles no regime de prisão temporária. Em decisão proferida no domingo, 26, ela determinou que Reginaldo Oliveira de Sousa (‘Re’) e Valter Lima Nascimento (‘Guinho’) permaneçam mais cinco dias detidos.
Os dois participaram de uma videochamada, junto com outros integrantes da facção, cujo objetivo seria planejar o atentado.
Para a Polícia Federal, eles fazem parte do alto escalão do PCC e integram um grupo chamado ‘Restrita’, mentor do atentado.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Valter Lima do Nascimento, o ‘Guinho’, está diretamente vinculado ao traficante ‘Fuminho’, um dos maiores fornecedores de drogas para o PCC, além de ser apontado como o responsável por planejar um ousado plano de resgate do chefão da facção, o Marcola, que envolvia o uso de aeronaves, blindados e metralhadoras.
Reginaldo Oliveira de Sousa, vulgo ‘Re’, é apontado como integrante das ‘equipes’ do PCC voltadas para os grandes assaltos de bancos e ataques contra a Polícia.
Ao pedir a revogação da prisão de ‘Re’, seu advogado Claudio Reimberg argumentou que ele é réu primário, tem residência fixa e é arrimo de família, ‘principal responsável pelo sustento de sua companheira e de seus filhos, sendo um deles portador de deficiência’.
O advogado Jonas Sousa de Melo, que defende ‘Guinho’, alegou que, em janeiro, seu cliente estava preso e que a única prova que paira sobre ele é o print da videochamada.
Inicialmente, a Polícia Federal pediu que a prisão preventiva de Reginaldo Oliveira de Sousa e Valter Lima Nascimento fosse prorrogada por mais trinta dias.
O Ministério Público Federal se manifestou no sentido contrário. “Este órgão do MPF pronuncia-se pelo deferimento do pedido de revogação da prisão cautelar de Valter Lima”, solicitou o procurador da República José Soares. A mesma manifestação foi apresentada no processo de ‘Re’.
A decisão de Gabriela Hardt argumenta que a apuração da PF demonstrou “que os investigados ocupam posição de liderança, sendo reconhecidos pelo uso de meios violentos para consecução de seus interesses espúrios”.
A manutenção dos dois presos é para “evitar a destruição de provas, coação e até mesmo ameaça à integridade de testemunhas”, afirma a magistrada.
A decisão também tratava dos pedidos de prisão de Patric Uelinton Salomão (‘Forjado’) e Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan (‘El cid’). Contudo, como eles ainda não foram encontrados, a juíza entendeu que a análise dos pedidos estava prejudicada. Os dois pertenceriam à liderança da facção.
Até o momento, dentre os nove presos na Operação Sequaz, apenas Aline Lima Paixão conseguiu o direito de ficar em liberdade, por ter filhos menores de doze anos. Ela terá que usar tornozeleira eletrônica, ficar dentro de casa no período noturno e está proibida de ter contato com os outros investigados.
Aline Arndt Ferri, que teria compilado os dados sobre a família de Sérgio Moro, apresentou neste domingo um pedido de concessão de liberdade.
Ela e Cíntia Melesqui (vulgo ‘Luana’, que seria responsável pelas diligências em campo da quadrilha) aguardam deliberação da Justiça.