Alice Pignagnoli tem 34 anos e atua como goleira
(ANSA) – Uma jogadora italiana de futebol denunciou nesta quarta-feira (21) que foi demitida pelo clube Lucchese, que disputa a série C feminina no país, por estar grávida.
Nascida na região de Reggio Emilia, Alice Pignagnoli, de 34 anos, atuava como goleira do time da terceira divisão italiana, que tem sede na Toscana.
“Na metade de outubro eu descobri que estava grávida pela segunda vez. Eu, então, comuniquei o diretor do Lucchese, Mario Santoro, e me disseram que os compromissos assumidos no verão deveriam ser respeitados: não era mais a intenção deles me pagar”, declarou ela em uma publicação nas redes sociais.
A jogadora italiana reforçou ainda que se sentiu “ferida como mulher, mãe e atleta”, além de “sozinha, incapaz e um brinquedo velho para jogar fora”.
“O clube me decepcionou. Depois do que aconteceu há dois anos com o Cesena, nunca esperei isso”, acrescentou ela, lembrando que, em junho de 2020, o clube pelo qual jogou por três temporadas renovou seu contrato no 7º mês da gravidez de sua primeira filha, Eva, dando um sinal inédito no mundo do futebol feminino italiano.
Desde então, Pignagnoli se tornou um símbolo dos direitos das jogadoras do país. “Deveria ser normal uma mulher sonhar em ser jogadora de futebol e ter uma família. Estou incrédula, todos os anos há jogadores que se machucam por muito tempo: um clube deve estar pronto para tudo”, enfatizou.
O contrato da italiana com o clube toscano expira em 30 de junho e a rescisão não é possível justamente porque, depois do exemplo de Cesena, foi abolida a regra que previa a interrupção do contrato com uma atleta grávida.
“Vou dar à luz em junho e terei alta a partir de 1º de julho.Quem sabe se haverá um clube que tenha força para me oferecer um contrato”, concluiu a jogadora.
Em nota, o clube italiano informou que “efetuou o pagamento de todas as taxas devidas à Pignagnoli e irá, à semelhança dos sócios restantes, pagar as quantias contratualmente acordadas à mesma até ao final da época desportiva”.
O Lucchese terá que pagar Pignagnoli até o próximo dia 31 de janeiro. Já de fevereiro a junho, o fundo de maternidade da Federação ficará responsável pelo pagamento.
Além disso, o clube “negou categoricamente que os dirigentes do clube tenham manifestado a nossa intenção de não pagar à jogadora o que lhe é devido”.
“Tendo tomado conhecimento da gravidez da jogadora, por motivos de saúde e segurança, de comum acordo com a atleta, entendeu oportuno, em 17 de outubro de 2022, suspender a atividade da mesma que, esclarece-se, não seja titular de qualquer contrato de trabalho como atleta”, acrescentou o comunicado.
Por fim, o Lucchese diz que “espera, para o futuro, que certas questões sejam tratadas de forma correta e objetiva, dada a sua delicadeza, de forma a evitar prejuízos à imagem de clubes que respeitam perfeitamente os direitos das jogadoras”.
Ao longo de sua carreira de 16 anos, Pignagnoli acumulou uma vasta experiência com o Reggiana femminile, o Milan, na série A, e Torres, com quem venceu um Scudetto e a Supercopa Italiana em 2012. (ANSA).