Um estudo italiano revelou que existem vulcões ativos em Vênus, planeta de difícil observação da superfície, envolta por uma atmosfera muito densa.
Os resultados devem ser úteis para planejar futuras missões espaciais dirigidas a Vênus, como a Veritas da NASA, que pretende obter um mapa da superfície do planeta, e a Envision da Agência Espacial Europeia (ESA), que estudará a atmosfera do planeta, com apoio da Agência Espacial Italiana (ASI).
“Se tínhamos indícios de uma possível atividade em Vênus, agora temos certeza”, disse à ANSA Giuseppe Mitri, da Universidade de Annunzio, autor do estudo junto com Sulcanese e Marco Mastrogiuseppe, da Universidade La Sapienza de Roma.
Vênus é considerado uma espécie de irmão gêmeo “infernal” da Terra porque, apesar de ter massa e dimensões quase idênticas às do nosso planeta, tem uma atmosfera tão densa que apresenta temperaturas muito elevadas na superfície, em torno de 400 graus, e pressão que chega a 90 atmosferas, semelhante a estar a mil metros abaixo do mar.
Vem daí a dificuldade de estudar a superfície: boa parte dos instrumentos não resiste a essas condições, e a maioria das análises só é possível por meio de radar, como fez a missão Magallanes da NASA, que entre 1990 e 1994 mapeou o planeta.
“Graças ao renovado interesse em vista de futuras missões e às grandes melhorias tecnológicas no processamento de dados pudemos comparar as imagens obtidas entre os dois períodos, descobrindo a presença em duas regiões de alguns fluxos de lava que ocorreram nesse lapso de tempo”, disse Sulcanese.
Trata-se da evidência mais clara de atividade no planeta, que se soma à descoberta feita aproximadamente um ano atrás de deformações em uma cratera, sinal de uma provável erupção.
“Estudando Vênus também podemos entender muito sobre nosso planeta, porque nos ajuda, por exemplo, a compreender por que, apesar de serem tão similares e terem se formado no mesmo ambiente, tiveram depois uma evolução tão diferente”, acrescentou Mitri.