Com o espetáculo “Nem todo filho vinga”, da Companhia Cria do Beco, do Complexo da Maré, zona Norte do Rio de Janeiro, a encenadora Renata Tavares ganhou o Prêmio Shell de Teatro de melhor direção. É a primeira vez que uma diretora negra ganha na categoria. A cerimônia de entrega aconteceu na última semana.
Multiartista, Renata Tavares tem 44 anos, é atriz, encenadora, dramaturga, cantora, arte-educadora. Nascida em Bangu, na zona Oeste do Rio, ela é formada pela escola de teatro Martins Penna e cursa Artes Cênicas na Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio).
Na obra dirigida por Tavares, é narrada a história de um rapaz da favela da Maré que dialoga com a realidade de muitos jovens negros que conseguem ingressar na universidade.
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A produção, baseada no conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis, nasceu durante a realização do projeto “Entre Lugares Maré” e foi a ganhadora do 9° Festival de Teatro Universitário (Festu) em 2019. Durante a pandemia, a peça foi reformulada com reflexões ainda mais atuais para a juventude.
Na trama, o personagem Maicon é aprovado na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e passa a confrontar situações de injustiça que seu grupo de amigos vivencia. Ao longo do ano letivo, ele sente na pele como as políticas públicas abalam todas as esferas da vida.
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Ramires Rodrigues, um dos atores da peça, participou da segunda temporada do programa Papo na Laje. No episódio, exibido pela TV Comunitária do Rio de Janeiro, artistas de companhias de teatro da Maré debateram sobre os investimentos em cultura nas favelas e periferias.
“Nem todo filho vinga” é encenado pelos atores e atrizes da Companhia Cria do Beco: Anderson Oli, Camila Moura, Jefferson Melo, Natália Brambila, Ramires Rodrigues, Yuri Domingues e Zaratustra.
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Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita