A família do senador Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário Nacional da Pesca no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve R$ 15,2 milhões em impostos à União. O débito está dividido entre duas empresas dos Seif e o maior montante, R$ 10,4 milhões, está no nome do pai do parlamentar, que também se chama Jorge Seif.
As empresas da família que mantém débitos com a União são a JS Manipulação de Pescados Ltda, que acumula R$ 4,1 milhões em débitos, e a JM Seif Transportes deve R$ 725 mil em impostos. Ambas, estão registradas em Itajaí, litoral de Santa Catarina, onde fica o domicílio eleitoral do senador.
Do total, R$ 6,4 milhões são dívidas com a Previdência Social de trabalhadores. Na relação de débitos, chama a atenção que os Seif devem R$ 230 mil em multas trabalhistas, aplicadas na JS Pescados e na JM Seif Transportes.
Os Seif dominam o mercado da pesca em Santa Catarina, atividade que já rendeu diversas multas à família. Em julho de 2023, a JS Pescados foi multada em R$ 13 milhões em uma ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que resultou na maior apreensão de barbatanas de tubarão no mundo.
A operação gerou multas também para Jorge Seif e Sara Kischener Seif, pai e mãe do senador, respectivamente.
Histórico com drogas
Na última terça-feira (7), a Polícia Militar de Santa Catarina apreendeu 47 quilos de haxixe em um galpão em Itajaí, que é utilizado pela JS Pescados.
Em nota, a empresa negou envolvimento com a apreensão. “A JS Pescados é uma das várias empresas que ocupam o referido complexo empresarial, composto por diversas salas locadas a terceiros. A empresa ocupa apenas uma dessas salas e não possui qualquer relação ou envolvimento com as atividades conduzidas nas demais unidades, incluindo aquela onde foram encontradas as drogas.”
Esta não foi a primeira vez que o nome da empresa apareceu envolvido em apreensões de drogas. Em abril de 2023, um caminhão registrado em nome da JS Pescados foi interceptado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Naviraí (SC) com 320 quilos de maconha. Na época, em vídeo divulgado em suas redes, o senador afirmou que o veículo não pertencia mais à família Seif.
“Esse veículo de fato foi de propriedade da minha família, mas foi vendido exatamente em 9 de setembro de 2022, com o devido registro cartorário em Itajaí para um terceiro”, explicou Seif. “O veículo foi vendido de forma parcelada. Então, só transferiríamos esse bem para esse terceiro que nos comprou, mediante quitação, que até o momento não ocorreu”, encerrou.
Cassação
O senador Jorge Seif corre o risco de ser cassado nas próximas semanas. Uma ação movida por União Brasil, Patriota (extinto, fundido ao PRD) e PSD acusa o bolsonarista de ter utilizado, nas eleições de 2022, a estrutura de rede de lojas da Havan, além de cinco aeronaves do dono da empresa, Luciano Hang, em sua campanha.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode cassar o mandato do senador por abuso de poder econômico e deixá-lo inelegível. Na última movimentação do processo, no dia 30 de abril deste ano, a corte pediu a coleta de novas provas, após o Ministério Público Eleitoral (MPE) ter analisado que a ação é procedente.
Outro lado
O Brasil de Fato esteve em contato com a assessoria do senador Jorge Seif, mas não houve resposta oficial até o fechamento da matéria. Caso o parlamentar se manifeste, o texto será atualizado.
Edição: Thalita Pires