Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro (PL), o general Augusto Heleno deve prestar depoimento à CPMI do 8 de Janeiro na próxima terça-feira (26).
Em delação premiada que vazou na última semana, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, disse à Polícia Federal que o então presidente consultou os comandantes das Forças Armadas sobre a possibilidade de um golpe de Estado.
O depoimento de Heleno à CPMI está aprovado desde 13 de junho, mas foi marcado após a repercussão dos trechos da delação de Cid. O general era um dos mais influentes e mais próximos ministros de Bolsonaro entre os militares.
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De acordo com a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o general “trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente comissão”.
Minuta golpista
De acordo com reportagens pelo portal UOL e pelo jornal O Globo, Cid contou que, depois da derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro teria recebido uma minuta golpista das mãos de Filipe Martins, que foi assessor especial da Presidência para assuntos internacionais.
Segundo a versão divulgada a partir da delação do tenente-coronel, o documento autorizava novas eleições no país, assim como a prisão de adversários políticos do grupo então no poder.
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Não está claro se minuta à qual se refere Mauro Cid é a mesma encontrada na residência do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, em janeiro. Esse documento também autorizava a prisão de adversários e decretava um “estado de defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 1º de junho, Augusto Heleno prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sobre o 8 de janeiro.
“Golpe precisa ter líder”
Na ocasião, ele negou que tenha participado de conspirações golpistas. “Se eu tivesse sido articulador, eu diria aqui. Eu acho que o tratamento que estão dando a essa palavra “golpe” não é um tratamento adequado”, afirmou então. Segundo ele, “um golpe, para ter realmente sucesso, ele precisa ter um líder principal, alguém que esteja disposto a assumir esse papel de liderar um golpe”.
Dois dias depois, na quinta-feira (28), a CPMI ouvirá Alan Diego dos Santos Rodrigues, que foi condenado a 5 anos e 4 meses de prisão por colocar uma bomba em um caminhão-tanque de combustível nos arredores do aeroporto de Brasília em 24 de dezembro do ano passado.
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A CPMI já ouviu outros dois condenados pelo atentado: o empresário George Washington de Oliveira Sousa e o blogueiro Wellington Macedo de Souza, este na última quinta-feira (21). Nesta sessão, o advogado do criminoso admitiu a possibilidade de fazer uma delação.
O blogueiro já foi condenado a seis anos por envolvimento na mesma tentativa de atentado a bomba. Ele estava foragido desde janeiro e foi preso na semana passada no Paraguai.