Galvão será o responsável pela principal agência financiadora de pesquisa científica ligada ao governo federal
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá anunciar nos próximos dias o físico Ricardo Galvão como presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Cientista de renome internacional que dirigiu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Galvão foi demitido por Jair Bolsonaro (PL) em 2019, nos primeiros meses do governo, por divulgar dados públicos, sobre o desmatamento da Amazônia.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a informação ainda não foi confirmada oficialmente. Mas pessoas próximas do pesquisador disseram que a decisão já foi tomada pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Galvão disputou vaga na Câmara pela Rede, mas não foi eleito. Seu nome chegou a ser cogitado para ocupar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) ainda antes do segundo turno. E confirmada a vitória de Lula, o cientista fez parte do grupo temático do grupo de transição.
Nature elegeu Galvão como um dos 10 mais importantes
Em meio a embates com Bolsonaro e seu então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que lhe custou o emprego no Inpe, Galvão foi homenageado internacionalmente. Para o governo negacionista e propagador de fake news, o cientista estaria “a serviço de alguma ONG” e divulgava “dados mentirosos” sobre o desmatamento da floresta.
Por outro lado, aos olhos da ciência mundial, o trabalho de Galvão o colocava entre os mais importantes do mundo. Tanto que, no fim daquele ano, ele foi eleito pela revista científica Nature um dos 10 pesquisadores que mais contribuíram para a ciência naquele ano. Justamente pela produção de dados sobre a Amazônia.
Vinculado ao MCTI, o CNPq é a principal agência de fomento à pesquisa científica no país. Apoia mais de 80 mil bolsistas em universidades e institutos do país. Mas enfrenta muitas dificuldades nos últimos oito anos, mais ainda nos quatro anos de Bolsonaro.