Dados do Ministério da Saúde (MS) mostram que o Brasil ultrapassou a marca de 5 milhões de casos de dengue em 2024. O patamar representa recorde histórico absoluto e supera até mesmo as previsões mais pessimistas do próprio governo.
Em janeiro, o MS divulgou as expectativas para o cenário epidemiológico deste ano. Na ocasião já havia indícios de que o país poderia passar por um surto sem precedentes. A estimativa era de que o número de pessoas infectadas poderia variar entre 1,9 milhões e 4,2 milhões. Na atualização mais recente, divulgada nesta segunda-feira (20), são 5.100.766 ocorrências.
O teto previsto já havia sido superado há menos de um mês. Ao longo das últimas cinco semanas, a doença passou a avançar em ritmo mais lento. Ainda assim, a circulação do vírus continua em patamares preocupantes no território nacional.
Dados relativos ao período de 5 a 11 de maio apontaram que já não havia mais tendência de aumento no ritmo de espalhamento da doença em nenhuma unidade da federação. No entanto, a epidemia continua ativa. Na ocasião, apenas Mato Grosso e Maranhão não apresentaram declínio, mas mantiveram estabilidade nos números em comparação à semana anterior. Em todos os outros estados e no Distrito Federal a doença cresceu mais lentamente em relação à semana anterior.
Em coletiva de imprensa na última terça-feira (14), a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), Ethel Maciel, ressaltou que os números de casos ainda são considerados altos no Brasil. “Apesar de não termos mais aquele crescimento expressivo, ainda permanecemos em alerta. O que indica ainda um nível maior de atenção que precisa ser colocado.”
Usado para estabelecer níveis epidêmicos, o chamado Coeficiente de Incidência segue acima de 300 casos a cada 100 mil em 14 unidades da federação. O cenário abrange a totalidade das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. No Norte e no Nordeste, os números são menores, mas ainda acima do normal.
Ainda de acordo com os dados apresentados pelo Ministério da Saúde, o país já registrou mais de 2,8 mil óbitos este ano. O resultado também representa recorde histórico absoluto. Até então, o ano com números mais expressivos era 2023, com 1.094 mortes
Sobre a doença
A dengue é causada por um vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Entre os sintomas mais recorrentes estão febre alta, dores musculares e nas articulações e erupções na pele. A doença pode causar hemorragia interna em órgãos e tecidos e levar à morte.
Existem quatro tipos de vírus da dengue circulando no planeta. Pessoas infectadas com um deles não ficam imunes aos outros. Essa dinâmica favorece a ocorrência de epidemias mais graves de tempos em tempos. No Brasil, esses períodos ocorrem em média a cada três anos.
No entanto, o desmonte de políticas públicas observado no país nos últimos anos levou a números consideráveis sucessivamente. Em 2022 e 2023 também houve registro sem precedentes de casos e óbitos.
Outros fatores também exercem influência no aumento das infecções, entre eles, as mudanças climáticas. Como o mosquito se prolifera em água parada, as chuvas intensas impulsionam a presença do vetor. Além disso, o Aedes aegypti se reproduz mais rapidamente no calor, portanto, se beneficia das temperaturas extremas registradas recentemente no Brasil.
A população pode ajudar a combater a doença eliminando locais com água parada, que se transformam em criadouros para o mosquito. Na lista estão pneus, caixas d’água, vasos de plantas e lixo acumulado, por exemplo.
Edição: Matheus Alves de Almeida