O Brasil acaba de anunciar que vai expandir a capacidade de produção de indivíduos da espécie Aedes aegypti com uma bactéria que impede a propagação da dengue, da zika e da chikungunya.
Há 15 anos, cientistas descobriram que o microrganismo Wolbachia causa esse efeito no mosquito e o melhor, passa de geração em geração, uma vez inserido entre os insetos. Em diversas experiências espalhadas pelo mundo, o método sustentável teve eficácia e segurança comprovadas.
O projeto para transformar a tecnologia em política pública nacional envolve a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a entidade internacional World Mosquito Program (WMP), o Ministério da Saúde (MS) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
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Durante o lançamento da ação, especialistas presentes foram unânimes em observar que as medidas conhecidas de combate ao mosquito, no entanto, não perdem a importância com a novidade.
A história do Brasil mostra que esforços passados funcionaram, mas dependeram dos contextos social e geográfico, de vontade política e de envolvimento da população.
Além disso, as políticas de combate ao Aedes aegypti, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, eram baseadas na visão de que a única forma de alcançar esse objetivo era a erradicação total do mosquito em áreas continentais, com forte apelo ao uso de inseticidas.
O período é analisado no livro A Guerra Fria chega às Américas: origens, controvérsias e consequências do Programa de Erradicação do Aedes aegypti dos Estados Unidos, do pesquisador Rodrigo Cesar da Silva Magalhães.
Ele conta que, lideradas por uma das grandes potencias do mundo, ações dessa natureza ajudavam a aumentar o poder e a influência sobre outras nações.
O Brasil já tinha histórico consolidado no controle do mosquito, que também era vetor da Febre Amarela, desde a década de 1930. As medidas incluíam a eliminação de focos, a extinção de depósitos de água parada e até mesmo o uso de peixes larvicidas.
A população era obrigada por lei a proteger recipientes como caixas d’água. Mas a falta de combate em países vizinhos era empecilho para a erradicação completa.
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Foi nesse cenário – sob forte influência da visão estadunidense – que o Brasil conseguiu acabar com o Aedes aegypti, em 1955, por meio de uma campanha intercontinental liderada pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
A parceria internacional trouxe ao país inseticidas recém-criados, como o DDT. O veneno era aplicado manualmente em reservatórios de água, criadouros e até nas residências das famílias. Hoje, é consenso que o DDT prejudica a saúde humana e causa problemas neurológicos.
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