O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou neste sábado (16) na Cúpula do G77, em Havana, Cuba, e voltou a cobrar que países ricos “paguem a dívida histórica” com as questões climáticas, pedindo que apoiem países em desenvolvimento em matéria de preservação ambiental.
O G77 reúne 134 nações em desenvolvimento que fazem parte do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para Lula, “o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, permanece válido”: “É por isso que o financiamento climático tem de ser assegurado a todos os países em desenvolvimento segundo suas necessidades e prioridades”.
“Temos que aproveitar o patrimônio genético da nossa biodiversidade com repartição justa dos benefícios resguardando a propriedade intelectual sobre nossos recursos e conhecimentos tradicionais”, afirmou.
“Vamos promover a industrialização sustentável, investir em energias renováveis na bioeconomia e na agricultura de baixo carbono. Faremos isso sem esquecer que não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global”, acrescentou Lula.
No mesmo discurso, o presidente defendeu a regulamentação de plataformas digitais para evitar o espalhamento de desinformação, citando um projeto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“O projeto de diretrizes globais para a regulamentação de plataformas digitais da Unesco equilibra a liberdade de expressão e o acesso à informação com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos que contrariam a lei ou ameaçam a democracia e os direitos humanos”, considerou.
Sobre a questão da inteligência artificial, Lula considerou “bem-vinda”, mas fez ressalvas: “Mas é preciso assegurar a participação de especialistas do mundo em desenvolvimento. [As transformações em curso] não podem ser moldadas por um punhado de economias ricas, reeditando a relação de dependência entre centro e periferia”.
Ainda no discurso, Lula destacou: “Nosso grupo corresponde a 79% da população mundial e 49% do PIB global em paridade do poder de compra. (…) A governança mundial segue assimétrica. A ONU, o sistema Bretton Woods e a OMC estão perdendo credibilidade”.
Ainda neste sábado (16), Lula terá uma reunião bilateral com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e deve conversar sobre uma dívida cubana de US$ 260 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para a construção do porto de Mariel; e outra com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Depois, o presidente irá a Nova York, em agenda até o dia 21, para a Assembleia-Geral da ONU.