Por Rayssa Motta
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres será ouvido nesta segunda-feira, 8, sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições. O depoimento está marcado para 14h30
As abordagens da PRF a ônibus de eleitores, sobretudo no Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT), são investigadas pela Polícia Federal (PF). O objetivo é verificar se a corporação foi usada para dificultar votos no petista e para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PRF faz parte da estrutura administrativa do Ministério da Justiça, na época chefiado por Torres. Ele viajou para a Bahia dias antes do segundo turno. A defesa nega que o ex-ministro tenha dado comandos para PRF interferir na eleição.
Os investigadores tiveram acesso a um relatório de inteligência produzido pelo Ministério da Justiça que traz um mapa detalhado dos locais de votação onde Lula venceu no primeiro turno. Torres deve ser questionado sobre o documento. A investigação é conduzida pelo delegado Flávio Reis.
O interrogatório deve ser no 19º Batalhão da Polícia Militar, onde o ex-ministro está preso desde 14 de janeiro em outra investigação, sobre o papel de autoridades nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.
O depoimento estava marcado para 24 de abril, mas foi adiado a pedido da defesa. Os advogados apresentaram um laudo psiquiátrico e alegaram que o ex-ministro não estava em condições de responder aos questionamentos.
Foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quem mandou a PF remarcar o interrogatório. Ele argumentou que Torres foi “devidamente avaliado” por uma médica e teve os remédios ajustados. Na última avaliação médica, em 1º de maio, a psiquiatra prescreveu antidepressivo, ansiolítico e antipsicóticos ao ex-ministro.
Anderson Torres não é obrigado a responder as perguntas e pode ficar em silêncio se preferir. Ele já prestou dois depoimentos desde que foi preso. O primeiro, conduzido pela Polícia Federal, foi sobre os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes e durou dez horas. O segundo interrogatório, sobre a minuta golpista apreendida na casa dele, foi requisitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).